quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Capítulo 45

Acordo horas depois com o celular despertando, estico meu braço e pego o celular na mão. Ligo a TV na babá e encontro minha filha acordada "mordendo" o próprio pé, porém quietinha.

Me levanto da cama e mando uma mensagem tanto pra Sil, tanto pra Dulce, pedindo pra elas não vir hoje. Aproveito que estou com o celular e ligo pro Nivaldo, o caseiro da chácara, aviso que iremos pra lá ainda hoje, pra eles deixarem tudo um pouco no jeito.

Largo o celular na cama depois de falar com todo mundo que eu precisava e me arrasto até o banheiro. Eu não deveria ter ido dormir tarde, mas já estou acostumada a acordar cedo.

Faço minha higiene matinal, tomo um banho rápido e me troco.

Sigo até o quarto da minha filha e assim que ela me vê sorri pra mim.

-tá com fome?-pego ela no colo e vejo sua fralda vazia de coco, mas cheia de xixi

Pego tudo o que preciso pra dar um banho nela e assim eu faço. Depois de deixar ela cheirosa dou de mama e ela volta a dormir, como sempre.

Deixo ela no berço e arrumo as coisas dela pra viagem. Depois de deixar tudo na cama sigo pro meu quarto, arrumo a minha mala e as minhas coisas.

Desço as escadas e com preguiça de fazer café, peço tudo na padaria, pão francês, pão de queijo, bolo, sonho, entre outras coisas.

O nosso café chega depois de um tempo, pago o valor final e arrumo a mesa. Subo as escadas atrás da Bruna e a encontro acordada e prontinha pra descer.

-vem, tem pão quentinho
-foi buscar?-ela se aproxima
-não, pedi pra trazerem, geralmente quem traz é a Dulce, mas eu acordei mais cedo e dispensei ela e a Sil
-que bom, que horas nós vamos?
-na hora que o Guto resolver avisar que está pronto
-é melhor eu apressar ele-ela corre de volta pro quarto e pega o celular na mão

Descemos juntas e nos sentamos pra tomar café. Ela apressa o Guto que manda diversos áudios xingando ela de palavrões feios, mas que já estamos acostumadas.

Quando ele finalmente avisa que está pronto, subimos, escovamos os dentes e a Bruna me ajuda a descer minhas coisas e as coisas da Madu, como a mala dela já ficou no meu carro ela nem precisa se preocupar com isso.

Depois de descer tudo, verificar que fechei o registro do gás, desliguei o filtro da piscina e cobri, tirei tudo da tomada, desço com a minha filha e depois de deixar ela confortável na cadeirinha, seguimos pra casa do Guto.

-eu espero que ele esteja realmente pronto, ou vou ser obrigada a dar um soco na cara dele-Bruna diz revoltada me fazendo rir
-ele vai estar, ele não é louco

Ao chegar na rua dele, nos surpreendemos ao encontrar o Guto na frente da casa dele com uma mala pequena.

-ele tá pronto-Bruna diz chocada com aquilo
-viu, eu avisei, ele não é louco-dou de ombros

Paro na frente da casa dele e desço do carro. Coloco o abafador nas orelhas da minha filha e ela mal se mexe. Ajudo o Guto a guardar a mala no porta malas e volto a sentar no banco do motorista e ele atrás com a minha filha.

-essa menina só dorme-ele diz olhando a pequena que dorme tranquilamente
-ela passa a tarde quase toda acordada, você vai ver e não vai nem poder reclamar quando ela jogar o pé na sua cara
-eu não reclamo nunca, eu gosto dessa gordinha-ele diz fofinho
-que bom, você é o padrinho tem que gostar mesmo-dou de ombros e ele ri
-te amo peste-fala alto e quem ri sou eu
-a única peste aqui é você-me viro pra trás e dou um soco em sua perna-ridículo até quando tá se declarando, coitada da Lia
-coitado é de mim que ninguém me entende-cruza os braços

O caminho até a chácara é bem longo, mas preferi viajar de carro, pois assim temos privacidade pra falar do que quisermos.

Ligo o som baixinho e conecto o GPS no carro. Guto começa a falar sem parar e ali começamos uma conversa bastante amigável, que saudade que eu tenho desses momentos com eles.

[...]

Chegamos na chácara depois do almoço, almoçamos em um restaurante no caminho e a minha filha fez a festa com os dindos dela.

Assim que desço do carro, me estico toda e sinto um alívio por ter chegado. Nivaldo aparece com a Cristina, sua esposa e comemora nossa chegada com sorrisos.

-pensei que nunca mais vocês iriam vim aqui, abandonaram-Cristina diz me fazendo rir
-eu passei por alguns momentos difíceis, fiquei doente, por isso não viemos mais, mas estamos aqui-abro os braços animada

Me aproximo dos dois, cumprimento a Cristina com abraço e o Nivaldo com beijo no rosto.

Bruna faz o mesmo e o Guto que já está com a minha filha no colo também os cumprimentos.

-eu ajudo com as malas-Nivaldo se aproxima do carro
-me dá a Maria e vai ajudar com as malas também-Bruna pega a pequena do colo do Guto e ele faz bico-sem bico Augusto, sem bico-ela diz antes mesmo dele dizer algo e rimos do seu jeitinho

Deixamos os dois ali pegando nossas coisas e seguimos pra dentro da casa. Tudo está exatamente como deixamos, a casa está limpa e com um cheirinho tão bom.

-quero o nome desse produto que usou aqui, esse cheiro é muito bom-fungo no ar e a Bruna fica me olhando estranho-que foi?-pergunto
-virou dona de casa foi?
-sempre fui-dou de ombros rindo-Dulce faz quase tudo, mas a casa é minha, gosto das coisas do meu jeitinho, com o cheirinho que eu gosto-dou de ombros
-depois eu te passo-Cristina chama a nossa atenção pra ela-vocês querem que eu faça almoço ou querem que eu sirva o café da tarde?
-café da tarde, nós almoçamos no caminho
-ok então, vão se instalar nos quarto, pra ficarem mais a vontade enquanto eu ajeito tudo aqui-ela é prestativa
-obrigada Cris, você é maravilhosa-beijo sua bochecha

Subimos juntas e eu sigo direto pro quarto maior que é o "meu". Bruna some das minhas vistas levando minha filha e procura um quarto pra ela.

Guto aparece alguns minutos depois e deixa minhas malas e as coisas da Maria perto da porta, ele se aproxima de mim e me abraça tão apertado puxando meu corpo pra deitar na cama e assim eu faço.

-quando vai me contar o que aconteceu?-ele pergunta preocupado
-agora-tiro minha sapatilha e me ajeito na cama

Ele tira sua alpargata e deita de frente pra mim.

Conto tudo a ele e quando encerro a história Bruna entra no quarto com a Maria e deita entre nós dois.

Passamos cerca de uma hora ali conversando sem parar, só descemos quando a Cristina veio nos intimar a descer pra tomar café da tarde.

O dia começou divertido, Luan ligou pra falar comigo e com a Maria e quando soube onde estávamos ele se animou, ele sabe o quanto é bom se desligar das coisas por uns dias. A noite caiu e depois de comer uma deliciosa lasanha, dispenso o Nivaldo e a Cristina, coloco a Madu pra dormir e eu, Bruna e Guto nos sentamos no chão da sala com algumas garrafas de bebidas, entre elas Gin, Uísque, Vinho e Velho Barreiro.

Tomamos uma dose de cada uma das garrafas só pra começar e começo a sentir um fogo subindo e pedindo por mais.

Coloco meu celular em cima da mesa e pego uma das garrafas pra usar como meu microfone.

-Leva o meu celular
Que se eu beber, eu vou querer ligar
Chorando, implorando pra voltar
Pode levar, pode levar!-canto alto e os dois dão risada de mim
-deixa isso aqui comigo-Guto pega o aparelho da mesa e guarda no bolso da bermuda

[...]

Os dias naquele lugar me fizeram muito bem, e foi ainda melhor estar com os meus dois melhores amigos e com a minha filha.

Amanhã já iríamos embora e apesar de amar esse lugar, eu preciso voltar e agora continuar a minha vida da maneira que acho melhor.

Havia acabado de dar banho na Maria e colocado ela pra tirar sua soneca da tarde quando meu celular começa a tocar, corro até ele e atendo sem nem mesmo olhar o nome, eu só queria que o barulho parasse para a minha filha não acordar.

Ligação on 📲
-alô-falo baixo e começo a andar pra fora do quarto
-Mel? Aconteceu alguma coisa? Por que tá falando baixo?-é a voz do Luan, reconheço só de ouvir o meu nome
-não aconteceu nada, a Maria acabou de dormir pra tirar o cochilo da tarde e esqueci meu celular no volume máximo, sai correndo pra atender e nem vi o nome de quem tava ligando-conto e fico ali no corredor
-ah tá, que bom que não aconteceu nada-ele responde com a voz aflita e sei que o motivo não é a gente
-aconteceu alguma coisa?
-aconteceu, mas acho que celular não é o melhor jeito de falar, precisamos conversar sério, mas isso fica pra depois, eu liguei pra fazer um pedido-ele diz tão de pressa que quase não entende tudo
-fiquei preocupada agora-volto pro quarto, pois preciso me sentar, coloco o abafador de orelha na minha filha e me sento na cama-me fala o que aconteceu
-é algo grave, tem a ver com a Priscila, conversamos pessoalmente, é melhor-ele diz ainda mais sério
-ok-encerro aquele assunto sem ter coragem de perguntar mais nada-você disse que ligou pra fazer um pedido, pode fazer
-sei que você precisa de alguns dias longe de mim e tal, que combinamos de ficar 15 dias afastados, mas será que posso ir lá pra casa com o Bernardo ainda hoje? Você não precisa se preocupar com nada, quando você for voltar não vai nos ver, eu vou com ele lá pra casa dos meus pais ou ficamos em um hotel, sei lá-sua voz tem tanta angústia que meu coração fica ainda mais apertado, odeio ver e sentir ele acuado
-Luan-solto um suspiro e só recebo seu silêncio-a casa não é só minha, é sua também, aquela casa é nossa e você nunca precisou e nem precisa pedir permissão pra ir pra lá e eu volto amanhã, mas também não precisa sair, vamos conversar e resolver tudo depois vemos o que a gente faz
-você ainda pensa em ficar comigo?-ele pergunta tristonho
-todos os dias
-você é doida-escuto sua risadinha do outro lado da 'linha'
-por quê?
-porque mesmo eu te colocando em tanta furada você ainda quer ser minha
-eu sou minha, mas acho que posso me dividir com você

Conversamos mais um pouco e encerramos depois dele escutar o Bernardo chorar enquanto chama ele.
Ligação off 📲



________________________

♥️♥️♥️

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Capítulo Final

Ele me olha em choque, sem saber o que fazer ou o que falar. Ele acabou de acordar e recebe isso em seu colo, não tenho dúvidas do quanto e...