quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Capítulo 46

Eu não faço ideia do que aconteceu entre ele e a Priscila, mas isso me preocupa e muito, não por desconfiar de algo, mas por sentir que não é algo bom.

Desço as escadas pensativa e encontro Bruna abraçada com o Guto. Me sento do outro lado dele e faço o mesmo que ela.

-tá de TPM também?-ele pergunta fazendo uma carícia sem maldade no meu braço
-não, mas o Luan me ligou todo estranho
-o que ele disse?-Bruna é mais rápida na pergunta

Conto o que conversamos e a Bruna até propõe da gente ir embora hoje pra que eu possa descobri logo o que aconteceu, mas nego de imediato e chamo eles pra piscina.

Assim como os nossos outros dias, nos divertimos muito, tive bastante tempo pra me reconhecer, pra lembrar do que eu gosto, pra lembrar que eu sou capaz de tudo que quero e claro reconhecer que eu sou um verdadeiro mulherão da porra.

O dia raiou e acordo com o despertador me avisando que está na hora de levantar.

Olho minha filha e ela ainda dorme tranquila. Arrumo nossas coisas tudinho e deixo só uma roupa e fralda pra que eu possa trocar ela.

Faço minha higiene matinal e tomo um banho rápido, depois de pronta saío do banheiro e dou de cara com a minha pequena de olhos abertos e apontando o teto.

-bom dia princesa-beijo a bochecha dela e começo a despi-lá

Dou um banho na Maria e depois de arruma-la desço as escadas com ela em meus braços, por mais incrível que pareça, encontro os meus amigos acordados e sentados na mesa do café.

-que milagre é esse?-brinco com eles me sentando também
-Bruna foi gritar com o Jeferson na porta do meu quarto, foi inevitável acordar cedo-Guto resmunga mau humorado
-por quê?-pergunto pra minha amiga, estou curiosa
-porque eu tô de TPM e ele vem me falar de sexo, ah...tenha dó de mim né?-revira os olhos
-tenha dó de quem te aguenta quando você fica assim-resmungo, mas ela escuta e faz bico-brincadeira migles

Alimento minha filha e me alimento também, depois de sair da mesa o Nivaldo, um outro homem que trabalha ali com ele e o Guto sobem recolhendo nossas malas.

Depois de ajeitar tudo no porta malas, nos despedimos e seguimos de volta a São Paulo.

O caminho de volta foi como na vinda pra chácara, conversamos bastante, rimos demais e nos divertimos muito.

Ao chegar em São Paulo, paramos em um restaurante desconhecido e almoçamos, a comida era divina, preciso me lembrar de voltar aqui.

Depois de satisfeito sigo até a casa do Guto que é a casa mais longe da minha. Assim que paro na frente da sua casa vejo pelo espelhinho um bico se formar em seu rosto.

-nossa aventura já acabou?-se estica pra ficar entre o meu banco e o da Bruna-tava tão divertido
-essa sim, mas podemos fazer uma viagem mais longa, pra outro país-dou de ombros e tanto ele quanto a Bruna me olham surpresos
-vamos combinar pra ontem, não é todo dia que a Mel faz essas propostas-Bruna debocha
-verdade-Guto concorda
-dois ridículos vocês-reviro os olhos-que tal vocês irem jantar lá em casa hoje, Luan está aí podemos fazer um jantar de casal, eu e o Luan, Guto e Lia, Bruna e o Jef e o Alan e a Vick-dou de ombros
-gostei da ideia-Bruna me olha sorrindo
-então topado, às oito na minha casa
-ok, pelo menos não vou comer comida congelada-Guto comemora me fazendo rir
-agora desce-me viro pra trás e dou um beijo em sua bochecha
-até mais tarde-ele retribui o beijo e faz o mesmo com a Bruna

Ele beija a testa da minha filha, que depois de encher o bucho dormiu, e desce. Abre o porta malas, pega a mala dele e segue seu caminho até entrar em casa.

Dou uma buzinada e sigo o nosso caminho dessa vez até a casa da Bruna.

-quer ir pra minha casa?-pergunto já que ela está pensativa
-não, mas quero ficar com a Madu
-por quê?
-porque o Luan vai te contar sei lá o que e eu não quero ela no meio disso-ela tem razão-tem coisas dela ai no carro, mais tarde quando eu for pra jantar eu levo ela
-tudo bem-concordo e ela bate palminhas animada-assim que a gente chegar você vê se o Luan está na sua casa tá?
-tá bom-concorda

Assim que paro o carro em frente a sua casa, desço e sigo até o porta malas, tiro as coisas dela e da Madu, enquanto ela pega minha filha.

De um jeito todo desengonçada, levo as coisas até a porta e forço o trinco, está aberta.

Abro a porta e deixo tudo ali perto da porta, depois alguém ajuda a Bruna a subir tudo.

Volto pra fora, fecho o porta malas e dou um beijo demorado na minha filha.

-acho que quando ela acordar, ela vai querer leite-aviso
-minha mãe sabe né?-ela pergunta sobre como "fazer" o leite
-sabe sim, ela sempre sabe-dou de ombros e me afasto-agora vai lá e vê se o Luan tá ai-me aproximo da Bruna e lhe dou um abraço apertado-vai-dou um tapa em sua bunda e ela segue

Entro no carro e fico quietinha esperando. Luan não me ligou ainda hoje, então não tenho noção se ele está em casa ou não.

Depois de alguns longos minutos de espera, Bruna aparece na porta.

-tá não-ela avisa
-obrigada-jogo beijo e ligo o carro saindo dali

Andei um pouco mais devagar no caminho até minha casa, eu não sei o que aconteceu e tenho medo de ser algo tão ruim que me faça perder a cabeça com aquela mulher.

Antes mesmo que eu percebesse ou quisesse chego na minha casa, abro a garagem e estaciono meu carro ali.

Fico alguns minutos ali quietinha, criando coragem pra entrar. Respiro fundo e me olho no espelho. Pego um batom ali no porta luvas e passo em meus lábios, é um batom nude, nem aparece tanto, mas quero estar bonita.

Desço do carro e nem tiro minha mala, apenas entro em casa com a minha bolsa.

Chego na sala e não encontro ninguém, mas escuto a voz do Luan vindo da cozinha.

-Bê, come tudo, tá gostoso-ele praticamente implora

Largo minha bolsa no sofá e sigo até a cozinha, o Bernardo é o primeiro a me ver. Ele desce do banquinho do balcão em uma agilidade e corre até mim me abraçando pelas pernas.

Olho ele de cima e percebo que ele está quase careca, já que rasparam seu cabelo.

-tia Mel me salva, essa comida tá ruim-ele diz me fazendo rir

O afasto de mim e me agacho na sua frente pra olhar em seu rosto.

-quem fez a comida?
-foi o papai-ele dá risada discretamente e eu faço o mesmo
-não tá ruim, tá gostosa-Luan tenta convencer não só o filho, mas também a ele mesmo
-deixa eu provar-pego o Bernardo no colo e sigo até ele

Dou uma garfada generosa na comida e coloco na boca, no mesmo momento sinto o gosto de sal. Puta que pariu.

-com certeza minha pressão subiu depois de comer tanto sal assim-pego o copo de suco e bebo quase tudo-você comeu isso?-pergunto ao Luan que nega-vou fazer algo bem gostoso pra vocês comerem tá Bê?-falo com o pequeno ainda no meu colo e ele deita sua cabeça em meu ombro
-tava com saudade tia-ele diz baixinho e eu sorrio o apertando ainda mais em mim-ai tia, aperta não, dói-ele me faz rir

Me abaixo com ele e coloco ele no chão. Ele se aproxima e Luan o ajuda a sentar ao seu lado de novo.

-tudo bem?-me aproximo do Luan que se levanta e me puxa pra um abraço
-literalmente não-ele diz deitando sua cabeça em meu ombro, assim como seu filho

O aperto no abraço e faço um carinho em seu cabelo e em sua nuca.

Ficamos assim por vários minutos, acho que ele estava buscando forças em mim e eu espero que ele tenha encontrado.

-eu tô com fominha-Bernardo diz chamando nossa atenção e nos separamos rindo dele
-ok então, vai me olhar cozinhar?-beijo a bochecha do pequeno que concorda

Pego tudo o que preciso e começo a fazer um delicioso strogonoff de frango, que é mais rápido, e um arroz branco.

Coloco tudo no fogo e me viro pra eles que batem palmas.

-obrigada, obrigada, vocês vão gostar ainda mais do gosto-jogo beijos pra eles
-você vai comer com a gente né?-ele pergunta e eu nego-por quê?-faz um bico fofo
-eu já almocei-dou de ombros
-come mais um pouquinho-ele diz fazendo carinha de anjo que eu não resisto
-tudo bem-concordo sem ter pra onde fugir
-cadê a Maria?-Luan pergunta
-ficou com a Bruna pra gente ficar mais a vontade pra conversar-explico e ele apenas concorda
-depois do almoço-ele diz sobre a conversa-Bernardo quer ir na piscina e a gente conversa
-ok
-vamo na piscina Mel-ele me chama todo homenzinho
-pode morder?-pergunto e ele faz cara de assustado, talvez com medo, não sei explicar
-tá tudo bem, não é morder de verdade-Luan explica pra ele
-é como?-pergunta inocente
-assim oh-me aproximo dele cobrindo meus dentes com os lábios e finjo morde-lo, mas sem dentes
-assim eu gosto-ele sorri-faz de novo-pede nos arrancando boas gargalhadas

Fico feliz de ver que dessa vez ele nem tentou me odiar, apenas me recebeu com muito carinho.

Olho o strogonoff e termino de colocar os ingredientes.

-que tal vocês dois arrumarem a mesa?-sugiro como se fosse uma ordem
-ok-Luan concorda e entra na cozinha pegando tudo o que precisa

Termino meu strogonoff e fico esperando o arroz ficar pronto. Luan e o Bernardo arrumam a mesa e voltam a sentar no banquinho.

Olho pra ver se ainda tem suco e deixo no balcão pro Luan colocar na mesa. Dou batata palha pra ele que também leva em seguida fica no balcão de novo me olhando.

-Mel você é muito bonita-Bernardo diz e eu me viro olhando pra ele
-bonito é você, aliás bonito é pouco, você é lindo
-tô com saudade do cabelo-ele passa a mão na cabeça
-você que quis cortar?-pergunto cuidadosamente e vejo o Luan negar
-a mamãe cortou porque quebrei o prato-ele conta e quem fica assustada sou eu
-é sério?-pergunto pro Luan que solta um suspiro e concorda com a cabeça-não é possível-falo baixo e ele apenas abaixa a cabeça-não fica triste não, logo ele vai crescer de novo e ai vamos cortar igual o do seu pai, você quer?-pergunto e ele sorri
-quero
-então tá combinado, vamos só esperar crescer

O arroz fica pronto e eu sirvo tudo na mesa. Coloco comida pro Bernardo, que pensa em atacar, mas puxo seu prato pra mim pra esfriar um pouco. Depois que vejo que a temperatura da comida não vai machucar o pequeno dou a comida pra ele e ele começa a comer com gosto.

Me sirvo e sirvo o Luan também. Como pouquinho, só pra não contrariar o Bernardo.

O pequeno come uma vez e pede mais, sirvo ele novamente, esfrio sua comida e lhe entrego, eu mal consigo terminar o que coloquei pra mim.

-eu tava nervoso por isso a minha comida ficou ruim-Luan diz arrumando desculpa e todos nós rimos
-come quietinho que é melhor-aviso e ele ri voltando a comer

O nosso almoço foi tranquilo e depois de estarmos todos satisfeitos, nos sentamos na sala.

-Bê sabe aquela sunga que o papai te deu?-Luan conversa com ele que concorda-sobe lá no quarto que te falei que é seu, tira essa roupa que você tá e veste ela pra gente ir na piscina tá?
-tá bom-ele diz animado e sai correndo
-ok, agora somos só nós dois
-ela bate nele, qualquer coisa que ele faz, ela bate-ele conta e eu não faço ideia do que falar, estou chocada-quando cheguei pra pegar ele, ele tava chorando enquanto gritava não, eu não quis entrar, mas sabia que tinha algo errado. Ela veio me atender e falou que eu não ia ver ele aquele dia, insisti e ela negando, ameacei falando que se ela não deixasse eu ia chamar a polícia e ela acabou deixando. Quando chegamos no hotel chamei ele pra brincar e ele ficou mudo, não quis dizer nada, na hora de dar banho nele senti meu sangue ferver de raiva
-ele está machucado?-pergunto apressada
-sim, cheio de vergão no corpo-ele solta um suspiro-conversei com os meus advogados sobre isso-ele diminui o tom de voz-me desculpa, me desculpa mesmo, mas eu não posso deixar ele lá com ela-ele me encara-eu entrei com pedido de guarda-ele avisa-eu não posso deixar isso acontecer, a carinha de assustada dele quando me viu Mel, ele me abraçou tão apertado como se eu fosse uma solução pra ele e ele só tem 4 anos-seus olhos se enchem de lágrimas-eu amo você, quero muito ficar com você, mas eu vou entender se você não aceitar ele e me mandar embora-algumas lágrimas escorrem dos seus olhos e sinto que dos meus também



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