terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Capítulo 4

Ficamos algum tempo ali fora abraçados apenas sentindo o carinho um do outro. Eu sei que nada seria fácil, mas com as pessoas que eu amo a minha volta, eu tenho certeza que eu serei capaz de conseguir. O primeiro passo eu já dei, e eu espero continuar assim.

Depois de uma noite muito mal dormida por sinal, eu estou aqui. Na sala de espera de um consultório de uma psicóloga que minha mãe arrumou pra mim. Eu estava apreensiva. A Madu ficou com meus sogros e o Luan veio comigo, porém pelo jeito não poderia entrar.

-tô nervosa-confesso esfregando minhas mãos uma na outra
-vai dar tudo certo, o mais importante já aconteceu que foi você aceitar que está mal e que precisa de um tratamento, o resto só vai depender de você mesma, eu vou estar aqui-estica a mão pra mim e eu pego
-obrigada-agradeço ficando sem graça

Logo sou chamada para entrar na sala. O Luan me olha passando confiança e eu sigo até a secretária que me espera na porta.

-fica a vontade-ela diz me deixando confortável pra sentar um uma das poltronas existentes ali

Assim que ela saiu vejo uma mulher muito elegante entrar na sala.

-olá-ela sorri animada-sou Ariane, você é a Melissa né?-estica mão e eu pego de prontidão
-isso mesmo-concordo sem sorrir, o meu nervoso é muito, e eu não consigo nem sorrir
-bom, vamos começar-pega um caderno e uma caneta na mão-você pode iniciar me contando como chegou a esse ponto e o que vem acontecendo

Conversamos por um tempo, eu desabafei exatamente tudo. Ela me olhava atenta e sem expressão alguma no rosto. Ora fazia perguntas, ora me dava um incentivo pra continuar.

Quando termino a consulta, eu já consigo me sentir um pouco mais leve, eu consegui desabafar a minha vida nos últimos três meses e sem ninguém me pressionando.

-eu recomendo a você que vá a um psiquiatra, pois ele pode receitar alguma medicação para auxiliar o tratamento, lá eles te darão um diagnóstico mais concreto-ela sugeri-vamos conversar mais vezes, sempre, vou agendar os dias e horários pra você vim
-ok, obrigada doutora
-sugiro que arrume uma babá, eu sei que a neném ainda está pequena, mas a babá vai te ajudar em muitas coisas, como por exemplo ter um sono melhor, ter um pouco mais de tempo pra você-foi enumerando a ajuda de uma babá-na próxima consulta espero que tenha ido até um psiquiatra, e por favor, traga o seu marido, vamos fazer uma sessão juntos, tá bom?
-ta bom, obrigada mesmo

Saío da sala e encontro o Luan apreensivo do lado de fora. Ele está comendo o corinho dos seus dedos e balança os pés com pressa.

-ei-chamo sua atenção e ele me olha-vamos?
-claro-se levanta e vem até mim

Ele deposita um beijo castro em minha testa e em seguida junta nossos dedos cruzando nossas mãos.

Segui até o carro calada. Eu estou um pouco envergonhada da minha situação, mas pelo jeito isso não importa para o Luan, ele vai continuar ali, sempre.

Ele entra no carro, mas não liga. Fica olhando pra frente e sei que ele está esperando que eu comece a contar as coisas. Ele está agoniado, eu posso ver isso em sua face.

-eu preciso de um psiquiatra e uma babá-aviso
-por quê?-pergunta como quem não quer nada
-ela não me deu um diagnóstico, pediu pra que eu procure um psiquiatra, pois ele pode me receitar medicamentos que vão me auxiliar no tratamento, vou ter que vim vê-la sempre-jogo a cabeça pra trás e sinto sua mão em minha coxa fazendo carinho-a babá é pra me ajudar, ela disse que eu preciso de mais tempo pra mim-conto e ele solta um sorriso satisfeito
-eu tenho certeza que isso vai ser o melhor a se fazer, inclusive vou contratar alguém pra trabalhar lá em casa, você quando não está cuidando da Madu ta cuidando da casa toda mesmo sem vontade alguma, com uma babá e uma doméstica você vai ter mais tempo pra você, vai ter mais tempo pra sair com a Bruna, mais tempo pra dormir, você vai ver como tudo vai melhorar-diz me dando apoio e eu apenas sorrio toda boba
-não poderia ser outra pessoa aqui comigo-falo o olhando e ele me olha atento-até mesmo quando eu disse que te odeio você continuou aqui me dando todo e qualquer apoio que eu preciso, eu não te odeio, nunca odiei, por mais que eu tente te odiar, mesmo só por odiar, ainda sim eu te amo-aliso seu rosto e ele fecha os olhos sentindo meu carinho

Me aproximo dele e encaixo nossos lábios em um selinho demorado, ele não aprofundou, esperou que eu mesma fizesse isso, e foi o que eu fiz. Aprofundo aquele momento com vontade, dessa vez eu não estou fazendo por fazer, eu estou fazendo porque eu quero. Seu gosto gostoso de menta na boca, por causa de um chiclete que ele estava, fez acender chamas em mim que eu já nem sabia que existia. É bom ter essa sensação.

Quando encerro o beijo ele abri os olhos e fica me olhando maravilhado.

-temos um progresso aqui Doutora-ele diz olhando pra fora do carro, mas ali não existe ninguém o que me faz rir alto
-eu amo tanto você-depósito um selinho em seus lábios-ninguém jamais amou alguém como eu amo você-o abraço e ele me aperta forte contra seu corpo

Saímos do consultório e penso que vamos pra casa dos meus sogros buscar nossa filha, mas ele simplesmente para em nossa casa e me olha.

-o que?-pergunto sem entender
-você precisa de tempo pra você, pra gente-ele fala totalmente sem graça e eu arregalo meus olhos
-você quer transar?-pergunto na lata e sem ânimo algum
-de maneira alguma-ele nega sorrindo-só vou tocar você dessa forma quando estiver pronta e me pedir pra fazer isso-alisa a própria barba sem graça-eu preparei uma surpresa, aliás a Bruna preparou-da de ombros me deixando curiosa
-o que é?-pergunto atenta aos seus movimentos para sair do carro
-vem-me chama

Sigo ele até a parte de dentro da casa e vejo que a mesma está toda colorida de pétalas no chão. De longe vejo a mesa de jantar posta para dois.

Ando por aquele caminho de pétalas e Luan me puxa pela mão pra cima.

Meu quarto está todo arrumado. A cama está forrada com as roupas de cama que eu mais amo. Em cima dela tem dois roupão. Um é bordado atrás com o meu nome e o outro com o nome do Luan. Ganhamos da Bruna.

Sigo até o banheiro e vejo a nossa banheira cheia, com sais e pétalas.

-eu não vou ficar aqui se não quiser, eu posso descer e te esperar
-ta-confirmo com a cabeça e ele se vira pra sair

Droga, precisamos de um tempo juntos e eu já estou o dispensando.

-espera-falo antes que ele saía-fica-peço sentindo um nó na minha garganta

Eu queria que ele saísse, mas se eu quero melhorar eu tenho que mudar.

Ele fica parado sem saber o que fazer, talvez a minha indecisão tenha confundido ele.

-vem-o chamo e ele me olha receoso

Mesmo com medo que eu mudasse de ideia, ele se próxima e tira meu vestido me deixando de calcinha e sutiã.

Penso que ele irá tirar minhas outras peças de roupa, mas isso não acontece, me deixando confortável em estar aqui com ele. Vejo ele tirar toda sua roupa, menos sua cueca.

Agradeço mentalmente aquele momento por ele não ter tirado tudo. Ele se aproxima da banheira e se senta ali. Vou até ele e me sento em sua frente de costas pra ele. Eu não quero ter que ficar olhando ele e me lembrando a todo instante que estamos tão perto.

Ele colocou meu cabelo de lado e começou a me molhar as costas. Fecho os olhos tentando esquecer um pouco da Madu e relaxo um pouco.

Ficamos quase uma hora ali dentro relaxando. Eu já estou quase dormindo com os carinhos do Luan, quando escuto sua voz.

-vamos descer pra almoçar-me chama
-sério?-pergunto sem coragem pra sair dos seus braços
-sim, você precisa comer bem
-tá bom-me rendo

Me levanto da banheira e saío. Ajudo o Luan a fazer o mesmo e ele me olha apreensivo.

Não retribuo o seu olhar. Vou até a ducha e ligo me enfiando ali em baixo. O Luan sé aproxima sem graça e entra em baixo do chuveiro comigo.

Tomamos um banho rápido e assim que saímos me enrolei no roupão e tirei minhas peças íntimas molhadas.

Olho pro lado e o Luan já está vestido com o seu roupão e com a cueca na mão.

-vamos?-me chama e eu concordo

Desço com minhas peças íntimas na mão, assim como ele. Pego sua cueca e levo até a lavanderia. Volto pra sala de jantar e vejo que ele já colocou nosso almoço em cima da mesa.

-quem fez a comida?-pergunto me sentando de frente pra ele
-dona Marizete-dá risada
-complô né?-zuo
-tudo pro seu bem doninha-toca meu nariz e eu sorrio

Almoçamos quase em um silêncio absoluto, exceto às vezes que o Luan resmungou o tanto que a comida estava boa.

Quando terminamos ficamos nos olhando.

-e agora?-pergunto
-agora vamos dormir um pouco, descansar a mente
-mas e a Madu?-pergunto preocupada
-está em ótimas mãos-avisa
-mas ela deve ta com fome..-começo um discurso e ele me olha negando
-minha mãe ta cuidando dela, a gente sabe que o leite do peito é muito importante, mas ela vai ficar bem se passar algumas horas bebendo outro tipo de leite-ele me convenci
-tudo bem-concordo com a cabeça

Ele se levanta e eu faço mesmo. Sigo seus passos até a parte de trás de casa. Ele para na rede que tem na varanda e se deita. Nem preciso que ele me chame. Eu mesma me enfio ali e o abraço pela cintura.

-posso acariciar seus cabelos?-pergunta talvez com medo da minha negativa
-claro-confirmo

Seus dedos percorrem toda a extensão do meu cabelo e em seguida sinto meus fios entrelaçarem seus dedos. Carinhosamente ele começa a fazer um cafuné, e consequentemente escuto sua voz começar a cantar uma música antiga, mas que ele sabe que eu amo. Butterfly.

Aos poucos sinto o meu corpo corresponder as suas tentativas de me fazer relaxar. Começo um carinho em sua cintura e posso sentir seus ossos. Ele está magro e agora posso perceber que além de mim e da minha filha, toda essa mudança está atingindo ele também.

Não quero pensar nisso, por isso subo minha mão até o seu peito por dentro do roupão e sinto as batidas rápidas do seu coração. Aos poucos o meu corpo é levado á outro mundo e eu adormeço sem pensar em mais nada.



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♥️♥️♥️

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