sábado, 19 de janeiro de 2019

Capítulo 77

-negativo-mostro os testes e encaro o Luan que murcha na mesma hora
-não está grávida?-pergunta pra confirmar
-não-balanço a cabeça sem graça-desculpa-tento minimizar sua tristeza
-não tem que se desculpar, você disse que não estava, você já sabia
-na verdade eu não sabia-respiro fundo-eu só tenho medo de acontecer tudo o que passamos antes e mentalizei que Deus não seria tão cruel
-ter um filho não é crueldade-ele me encara
-eu sei que não, mas faz só três meses que parei o tratamento com os remédios, eu ainda faço terapia por causa de tudo o que passamos,  eu não estava pronta agora, a Maria ainda vai fazer um ano, agora temos o Bernardo, como ia ser isso? Você acha que faria bem pra mim?
-eu não sei, eu só queria que tivesse, queria ter esse momento de novo, queria poder fazer tudo diferente
-você vai poder fazer, só não agora-aliso seu rosto triste-vamos esperar o ano acabar e ai a gente tenta até acontecer
-tudo bem-ele se afasta e volta pro quarto
-droga-solto um suspiro de insatisfação-será que existe dois falsos positivos?-falo sozinha me olhando no espelho

Fico alguns minutos ali me olhando até criar coragem. Quando ela vem, sigo de volta pro quarto e encontro Luan deitado na cama de cabeça pra baixo. Me deito ao seu lado e passo minha mão pelas suas costas nua.

-desculpa por decepcionar você, eu sei que você queria muito
-você não tem culpa-diz alto pra que eu possa escutar
-mas tá parecendo-sou delicada
-só me deixa um pouco quietinho
-tá ok-me levanto

Pego a blusa dele que estava jogada pelo quarto e desço as escadas com meu celular em mãos.

Sigo direto pra cozinha e me sento no banquinho do balcão. Ligo pra minha sogra e converso com a que me avisa que o Bernardo está almoçando pra ir encontrar com a mãe. Combinamos a hora que ela vai trazer a minha filha e encerro a ligação.

Ligo pra minha amiga que atende e afirma já estar almoçando pra ir buscar o pequeno na casa dos meus sogros. Converso com ela rapidamente que percebe minha voz triste, mas ao me ver mudar de assunto nem pergunta nada.

Depois de encerrar a ligação com ela, me levanto e entro na cozinha. Começo a preparar o nosso almoço, macarrão ao molho branco e frango grelhado.

Depois de colocar o macarrão na água, parto pro molho e quando estou quase terminando sinto meu corpo ser abraçado por trás.

-tô fazendo nosso almoço-aviso ao meu marido, sei que é ele-mas se já estiver com fome, tem torta e salgadinho da festa, dentro do microondas
-me desculpa-ele pede me virando pra ele
-o molho-tento me virar, mas ele desliga o fogo e me faz focar nele
-me desculpa, eu quis um culpado pelo negativo e acho que escolhi você, me desculpa?-ele pede sem graça
-você não falou nada de mais pra mim, tá tudo bem-me estico e beijo seus lábios
-me desculpa, por favor-pede de novo
-tudo bem, eu desculpo-abraço ele-sei o quanto queria que fosse real, me desculpa por não ser, por decepcionar você
-você não tem o que se desculpar, não fez nada errado, você me disse pra não criar expectativas e eu criei, o erro é meu
-amor-tento, mas ele não me deixa falar
-tá tudo bem, só vamos esquecer-beija minha bochecha-continua a fazer o almoço que tô com fome-se afasta
-você é um folgado sabia?-jogo um pano de prato nele que dá risada
-sabia sim-ri pelo nariz e eu dou risada dele

Ligo o fogo novamente e volto ao meu molho, observo com o cantinho dos olhos o Luan abrir o microondas e pegar a marmitinha de salgados.

Termino o molho e passo pro frango, Luan fica em silêncio, pensativo e sei que não está tudo bem pra ele, mas ele tenta fazer parecer que sim.

Depois de terminar o nosso almoço, sirvo a mesa e resolvo o chamar. Ele está tão distraído em fingir que está comendo salgadinhos que mal percebeu que eu já havia feito o almoço todo.

-ei-toco suas costas e ele me olha sorrindo, escondendo todo o seu real sentimento
-oi amor-me dá um selinho
-almoça comigo?-convido
-nossa, fiquei distraído comendo os salgados que nem percebi que o almoço estava pronto-ele diz sem jeito e se levanta pronto pra seguir pra sala de jantar
-espera-seguro em seu braço e respiro fundo antes de falar
-o que foi?-ele pergunta curioso
-não tem mal nenhum você ficar triste por isso, não a mal algum você demonstrar tristeza e decepção
-mas..-ele tenta me cortar, mas eu não deixo
-eu sei que está triste e tentando fazer parecer que não. Isso não é necessário, não te quero mentindo pra mim, quero a realidade
-eu queria tanto o bebê-ele desabafa-eu comprei um macacão do Corinthians aquele dia que fui ao shopping, eu escondi lá no Studio, por isso não viu, mas eu comprei, eu tinha tanta certeza que a família estava aumentando-suspira e em seguida dá um sorriso de lado-mas tudo bem, podemos continuar tentando né?
-claro que sim, tentar é o que não vai faltar aqui-sorrio malicioso pra ele que me abraça pela cintura-eu amo você amor, amo muito, não vamos deixar isso mexer com a gente, não era pra ser, mas vai ter um momento que vai ser, você vai ver-beijo seu queixo
-não tô triste com você, tô com as expectativas que criei, mesmo quando você me disse pra não criar-dá de ombros
-vamos superar-lhe abraço forte
-vamos sim-ele afirma com tanta certeza

Ficamos alguns minutos abraçados e em silêncio, apenas nos sentindo. Sou a primeira a me afastar e puxo ele até a mesa.

Almoçamos conversando sobre a festa, em como foi divertido não só pra gente, mas pro Bernardo e pra Maria também.

Quando Luan levou a pequena no pula pula, suas gargalhadas contagiaram a todos de tão gostosa que é. Bernardo então, nem se fala.

Depois de almoçar, ele me ajuda a tirar a mesa e a lavar tudo o que sujei, como dispensei a Dulce hoje, preciso fazer tudo pra manter a casa em ordem.

Guardamos toda a louça depois do Luan secar, pego dois garfos e o pedaço todo do bolo que eu trouxe. Luan me olha assustado e eu dou risada.

-calma, não vou comer tudo, vamos comer um pouco, quando a gente encher, guardamos-beijo sua boca e sigo pra sala

Me sento no chão e coloco o bolo na mesinha de centro. Luan aparece ali e senta ao meu lado, pego um garfo, ele faz o mesmo e dividimos um pouco do bolo.

Encho primeiro que ele e largo o garfo enquanto o Luan continua a comer.

-pergunta pro Guto onde eles foram que depois eu vou buscar o Bernardo
-por quê?
-já demos trabalho demais pra eles, acho que eles querem descansar-dá de ombros
-tá querendo ver a diaba-acuso e ele dá risada
-sem crise de ciúmes por causa da Priscila, eu quero ela bem longe de mim e do nosso filho
-nosso filho-debocho e ele ri ainda mais
-eu quis dizer nosso filho-aponta pra ele e pra mim
-não, você quis dizer seu filho e dela-o corrijo
-você tá errada, eu quis dizer nosso filho mesmo-volta a apontar dele pra mim
-ok então-dou de ombros fingindo não me importar e ele gruda em meu pescoço me roubando um beijo
-te amo maluca da minha vida
-ama mesmo?-finjo desconfiar e ele fica atento
-claro que sim
-então faz amor comigo-aliso sua nuca e ele sorri sem jeito
-agora?-ele deixa o garfo na mesinha e me puxa pra sentar em seu colo
-isso, agora-puxo seus cabelos da nuca e aproveito sua cabeça curvada pra trás, pra lhe beijar nos lábios.

(...)

-desculpa-Luan pede sem jeito
-tá tudo bem-fico ainda mais sem graça

Ele topou fazer amor comigo, ele tentou, mas brochou, não conseguiu subir nem com ajuda e isso me deixou mal, muito mal, já que isso nunca acontece aqui em casa.

-vou subir pra tomar um banho-coloco minha calcinha de volta e a blusa dele que eu vestia e me levanto
-me desculpa, eu queria, juro que queria-ele tenta reverter a situação-não sei o que aconteceu
-eu já disse que tá tudo bem, fica tranquilo, acontece-dou de ombros
-não comigo, tá certo que eu já brochei antes, mas eu tava bêbado
-e agora você está estressado, triste-arrumo uma desculpa por ele-é sério, tá tudo bem
-para de falar que tá tudo bem-ele cruza os braços irritado
-ok, não toco nem no assunto, se você guardar esse troço mole na cueca-aponto pro membro dele e ele fica todo sem jeito caçando a cueca-vou tomar um banho-saio quase correndo pela casa, subo as escadas e entro em meu quarto







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