quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Capítulo 12

Véspera de ano novo chegou e com ela o show do Luan em Salvador. Eu confesso que a princípio, quando o Luan me convidou pra ir, eu não queria. Eu já iria passar o Natal em família e não queria ter que passar o ano também, mas o Natal foi tão lindo, tão intenso pra mim, que eu sem dúvidas nenhuma disse que iria.

-tá com medo?-Luan pergunta assim que o jatinho liga para começar a decolar
-um pouco, faz tempo que eu não ando de avião, nem jatinho-seguro em sua mão
-relaxa, é tudo igual antes-ele se estica e beija a minha bochecha

Fico em silêncio até o jatinho subir o que precisa e se estabilizar. Pensei que a Madu iria chorar, mas ela fez foi sorrir, o sorriso mais lindo que já vi.

Meu medo passa e eu respiro fundo, em seguida deito minha cabeça em seu ombro e continuo com nossas mãos entrelaçadas.

-tá com sono?-Luan coloca sua mão em meu cabelo
-um pouco, tava querendo dar febre na Maria, não consegui dormir de noite
-deu febre?-ele pergunta preocupado
-não, graças a Deus, mas sabe como sou-começo a brincar com a sua aliança
-dorme então, vou fazer um cafuné-ele desce a mão até a minha nuca e enfia seus dedos pelos fios do meu cabelo
-obrigada-sussurro já sentindo meu corpo pesado

Minha nuca é ponto fraco pra tudo, inclusive pra cafuné. Aos poucos sou levada pra outro mundo, o mundo dos sonhos e ali eu fico até sentir alguém beijar o meu rosto e pescoço..

-acorda amor, chegamos
-já?-bocejo
-sim, você tava com sono mesmo, dormiu a viagem toda
-ainda tô com sono-olho pra ele
-chegar no hotel a gente dorme um pouco
-cadê a Madu?-procuro ela com o olhar e não encontro
-Testa desceu com ela, vamos
-vamos

Arrumo a minha sandália no pé e me levanto, desço na frente do Luan e encontro uma van um pouco próxima da onde pousamos.

Luan desce depois de mim e junta nossas mãos. Tem algumas fãs ali e chamam por ele e por mim. Aperto sua mão e dou tchauzinho pra elas.

-vamos lá comigo-me olha nos olhos-podemos ser rápidos
-tudo bem-aceito

Nos aproximamos da van e ele deixa a mochila no banco, Madu está sentada ao lado do Testa e dormindo.

-fica com ela, a Mel vai comigo e o Well também
-graças a Deus-ele agradece me fazendo rir

Sigo com o Luan até às meninas e a maioria fica animada por me ver, nunca tive problema com os fãs do Luan, mas sempre tem aquelas que não aceitam, mas eu não me importo, cada um tem o direito de pensar como quiser e gostar do que quiser.

-oi-falo coletivamente e recebo muitas respostas

Luan tenta dar atenção a todos, fala com todo mundo, pega na mão de algumas, tira foto com outras e assim por diante. Eu sigo como ele, até o Well nos chamar pra ir pra van. Luan me agarra pela cintura e escuto as meninas nos zoarem, apenas dou risada e me deixo ser guiada pelo Luan até a van.

Entro e minha filha ainda dorme, Rober está concentrado em um joguinho no celular. Sigo pros bancos do fundo e me sento na janela, Luan que vinha atrás de mim, se senta ao meu lado.

-no hotel vou ter que atender também-ele diz e parece com medo de me tocar de novo

Coloco minhas pernas entre as dele e o abraço pelo pescoço.

-posso não atender lá?-pergunto fazendo carinho em sua nuca
-sem problemas, enquanto eu atendo você desce com a Maria e com o Rober e entra pro hotel
-você faz o check in?-pergunto
-não, o Testa
-então eu subo e te espero no quarto
-tá bom-ele me olha

Pego sua mão que está apoiada no banco ao lado e coloco em minha coxa.

-não precisa ter medo de me tocar quando estou indefesa
-é que eu nunca sei quando posso fazer isso, tenho medo de você ficar brava, de me xingar, sei lá-ele dá de ombros
-já que tem medo, quando sentir vontade de me tocar, você avisa antes, fala onde quer me tocar e se eu não recuar é porque quero isso tanto quanto você
-boa ideia-ele sorri-vou beijar sua boca-ele avisa e eu me estico iniciando um beijo, antes mesmo dele fazer

Só depois de perder o fôlego que encerramos o beijo. Luan me olha curioso, mas escondo meu rosto em seu pescoço e eu fico o resto do caminho quietinha.

Assim que a van para, vimos que tinham meninas ali. Luan avisa ao Rober pra entrar com a gente e ele concorda.

Well desce na frente pra tentar acalmar as meninas e avisar que o Luan atenderá todo mundo. Desvencilho todo o meu corpo do corpo do Luan e ele se levanta.

-vem-me chama e eu vou atrás

Luan desce e me ajuda a descer. A gritaria deu uma intensificada, mas parece que o Well avisou que a Madu está aqui, porque todo mundo ficou em silêncio.

-vai lá-falo pro Luan que me olha
-não dorme antes que eu chegue-ele pede e percebo que está cansado
-eu te espero-me estico e beijo sua boca bem rápido, não quero provocar quem não gosta de mim

Ele segue pra atender as meninas e eu espero o Rober, que desce e só depois pega o bebê conforto com a minha pequena.

Dou tchau pra todo mundo ali e sorrio também, algumas retribuem, outras não, mas também não dou atenção a isso.

Entramos no hotel e o Rober, faz todos os check in. Pelo jeito todos os quartos são reservados em seu nome. Ele me deixa no hall do hotel com a Maria e sai atrás do Well, mas logo volta.

Subimos pros quartos e entro no meu. Um quarto grande e luxuoso.

-tem um berço ao lado da cama-ele avisa e deixa o bebê em cima da cama
-obrigada Rober-o abraço
-gosto de ver que está melhorando-ele me encara-tô muito feliz por vocês, feliz mesmo
-obrigada Rober, eu sei que você que escuta o Luan, que o aconselha, que tá com ele, obrigada mesmo, sozinho ele não conseguiria passar por nada do que ele está passando
-além de colegas de trabalho, somos amigos e estamos juntos nas dificuldades também, ele pode contar comigo sempre e não só ele, você também-tomba a cabeça de lado
-obrigada-abraço ele e escuto passos se aproximando da gente
-preciso ficar com ciúmes?-Luan brinca e eu dou risada
-não tem motivos-me afasto do Rober
-deveria, sua mulher é uma gata, eu posso estar cobiçando ela-Rober diz como quem não quer nada e leva um tapa na testa-tô brincando-ele faz careta e se afasta-tchau pra vocês
-tchau e obrigada-agradeço e ele sorri dando tchau

Me sento na cama e tiro a minha sandália. Me viro de costas pro Luan, tiro a Maria do bebê conforto e coloco ela no berço, minha filha nem resmunga, nem nada, só se aconchega e continua dormindo.

-quer tomar um banho ou vai dormir direto?-Luan pergunta ao me ver arrumando o travesseiro do lado direito
-vou dormir, vem-chamo e ele me olha pensativo-vem logo
-acho melhor não-ele coça a nuca sem graça
-por quê? Não quer dormir comigo?
-quero, mas estou animado, esse vestido..-ele está desconfortável e eu fico sem graça também
-posso tirar
-não tira, vai ficar pior-ele olha pra baixo e eu também desço meu olhar

Minha respiração fica pesada e não consigo desviar meu olhar.

-vai dormindo, eu já volto-ele sai em direção ao banheiro e eu tento respirar normalmente

Escuto alguém bater na porta e sigo pra lá, é o Well com nossas malas. Ele deixa do lado da porta, beija minha testa e sai sem dizer nada e sem esperar eu agradecer. Sorrio e fecho a porta novamente.

Abro a minha mala e tiro dali uma calça de um pijama e uma blusinha. Visto antes do Luan sair do banheiro e fico o esperando, mas ele está demorando.

Fico curiosa, pra saber o que ele fala quando tenta se aliviar e corro pra porta do banheiro, colo meu ouvido na porta e fico escutando.

Pensei que ele estaria vendo um vídeo pornô ou algo do tipo, mas não, escuto ele gemer e chamar meu nome. Meu corpo se acende, queria pelo menos toca-lo, queria que ele ao menos me tocasse.

-você é a culpada disso não acontecer-falo sozinha e volto pra cama-é tudo culpa dia-me martilizo

Cria-se um bolo em minha garganta e eu não consigo controlar o meu choro, ele escorre pelos meus olhos da forma mais dolorida do mundo. Me deito na cama e cubro todo o meu corpo.

Luan sai do banheiro e eu tento parar de chorar, mas não consigo, ele se deita ao meu lado e bem distante de mim, minha dor se torna maior e eu sei que isso tudo é culpa minha.

Apesar do meu choro ser silencioso, não consigo controlar o meu corpo e pelo jeito o Luan percebe que estou chorando.

-ei Mel-ele se aproxima, mas não me toca-eu vou te abraçar-ele avisa e eu sorrio entre lágrimas

Seus braços me envolvem em uma conchinha, mas ele não fica assim, ele me vira pra ele e olha nos meus olhos.

-o que foi? O que aconteceu? Quem veio aqui?
-o Well veio deixar as malas e foi embora-digo entre soluços-o que eu fiz com gente?-toco seu rosto-por que tudo tem que ser difícil?
-um dia de cada vez lembra?-ele é fofo comigo-cada dia é um, cada dia é diferente, você nos fortaleceu mais, você nos uniu mais, foi isso que você fez com a gente-ele cola nossas testas-não fica assim por não conseguir fazer amor comigo, porque até quando estou me satisfazendo sozinho eu fico pensando em você. Eu te amo Mel e como eu já te disse mil vezes, nós vamos passar por isso, juntos
-se você quisesse se satisfazer com outra pessoa eu não iria achar ruim, você está assim a tempos e você precisa..-ele me interrompe
-não fala merda-me olha bravo-eu não preciso de ninguém e acho que já te mostrei isso-eu tô contigo pro que der e vier, eu prometi na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, não faz parecer que estou me sacrificando, não faz parecer que tudo o que faço não é válido, não faz isso-ele diz com dor na voz e afrouxa o abraço
-me desculpa-volto a aperta-lo-por favor amor, me desculpa, tudo o que você faz é incrível, é grande e eu não sei nem como agradecer isso tudo, eu que faço tudo errado, eu que estrago tudo, me desculpa
-para com isso-ele nos vira na cama e fica por cima de mim, me fazendo encarar o seu rosto-para de achar que sexo é tudo em um relacionamento, ele não é, temos tudo aqui e deveríamos estar feliz por isso e não chorando por sexo-ele me faz rir-isso, sorri pra mim, é disso que eu preciso, eu quero te ver bem, quero te ver curada e só então depois disso tudo eu vou te dar o que você tanto quer-ali está meu sorriso novamente e eu não hesito em beija-lo

Tento intensificar o beijo, mas ele não deixa e encerra, limpa minhas lágrimas e cola nossas testas.

-você disse que estava com sono-ele sussurra tentando se afastar
-amor-peço manhosa
-ainda não tá na hora, não faz isso por mim, faz por você-ele beija minha bochecha e o meu pescoço
-e se eu disser que eu quero?
-eu vou saber que é mentira-beija meu ombro e se afasta-vamos dormir um pouco-se deita ao meu lado e pega o celular, lê alguma coisa e em seguida deixa o celular de lado de novo

Ele me puxa e me abraça por trás novamente espalmando suas mãos em minha barriga.

Me aconchego mais e fecho os olhos, não me demoro a dormir.


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