Capítulo 18

Meu sono estava pesado, meu corpo também, eu parecia estar em outro mundo, até que um pouco longe escuto um chorinho fino, eu reconheço esse choro. Aos poucos o meu sonho some e o choro vai ficando ainda mais alto, abro os olhos e não encontro ninguém ali no quarto. Me levanto e ao me virar dou de cara com o Luan dormindo, sua boca um pouco aberta resmunga algo incompreensível. Seu cabelo gigante jogado no rosto totalmente sexy.

Sorrio entre um bocejo e sigo pro banheiro, tomo um banho rápido e saío enrolada em uma toalha, Luan continua dormindo do mesmo jeito.

Entro no closet, me arrumo e depois de pegar meu celular sigo até o quarto da Madu, mas ela não tá ali. Ando até o quarto de hóspede que a Bruna costuma ficar e ela também não está ali.

Desço as escadas e a encontro jogada no sofá, Madu está ao seu lado só que no berço e dormindo.

-bom dia-falo animada, porém um pouco baixo, não quero acordar minha filha
-temos muito o que conversar-ela bate no sofá me chamando pra sentar ao seu lado
-vou tomar café primeiro-sorrio de lado e sigo pra cozinha largando ela ali

Vejo a mesa posta e entro na cozinha, mas não encontro ninguém ali. Volto pra mesa e me sento pra comer.

-ei, não foge, pelo menos me diz algo que me dê uma pista
-quem fez essa mesa toda linda?
-minha mãe, ela colocou a mesa, mas esqueceu uma coisa em casa e foi buscar, mas ela já deve tá voltando
-e seu pai?
-ele vem depois, ele tinha uma reunião sobre uma turnê na Europa
-ah tá
-mas agora por favor, me conta alguma coisa-ela junta as mãos

Dou um gole longo no meu suco e quando estou pronta pra contar algo, Luan aparece, vestindo apenas um short larguinho e sem camisa.

Discretamente olho pra ele, a Bruna percebe e faz o mesmo.

Luan assim que cruza seu olhar com um meu, dá um sorrisinho de lado e se aproxima de mim.

-bom dia-ele me rouba um selinho-bom dia piroca-dá um beijo na testa dela e sai em direção a cozinha
-eita porra-ela diz surpresa

Viro meu rosto pra direção que ela olha e só aí percebo as costas do Luan toda arranhada. No mesmo momento cubro meu rosto com as mãos enquanto a Bruna não perde a oportunidade de zoar.

-esse seu bom dia tá muito contido, pode soltar toda a felicidade que tá dentro de você-ela diz pra ele tirando sarro

Pego meu celular e bato uma foto das costas dele, ele entra na cozinha procurando algo e some das nossas vistas. Escuto barulho de porta de armário, barulho da geladeira abrindo e fechando, barulho de sacola e em seguida barulho de liquidificador, já até imagino o que é que ele está fazendo.

Esperamos alguns minutos até ele voltar e pra não ter que conversar com a Bruna, comi quase todos os pães de queijo que tinham ali.

-o que disse aquela hora?-ele senta ao meu lado e nos serve com creme de abacate
-eu disse que seu bom dia foi muito sem graça que não precisa se conter, pode soltar toda a felicidade que tem dentro de você
-você escutou alguma coisa de noite?-ele pergunta nos entregando
-graças a Deus não, mas suas costas falam por si
-o que tem minhas costas?-ele não entende

Pego meu celular, coloco na foto que tirei e estico pro Luan que ao ver a situação de sua pele, me olha surpreso.

-essa é as minhas costas mesmo?-ele pergunta ainda duvidoso
-sim, me desculpa-fico sem graça
-e ainda tem uma chupada no pescoço-Bruna aponta e eu seguro seu rosto pra ver, realmente tem
-nada de ficar sem camiseta hoje-aviso e ele apenas ri concordando
-não vou nem perguntar mais nada, vocês dois estão com um sorriso idiota no canto dos lábios, Luan tá com uma chupada no pescoço e as costas todas arranhadas e aposto que deve ter alguma chupada na Mel também, uma chupada escondida, isso já diz tudo e eu estou muito feliz porque aconteceu, acho que essa é a primeira vez que eu fico feliz porque alguém transou-Bruna diz
-a gente fez amor-Luan a corrige imediatamente
-me adotem, por favor, nunca pedi nada-ela junta as mãos como se realmente implorasse
-vou te adotar, deixa sua mãe voltar que eu combino com ela-pisco pra Bruna que bate palminhas
-minha mãe veio aqui?-Luan pergunta confuso
-sim, inclusive ela que preparou essa mesa de café da manhã
-pensei que tinha sido a Dulce-ele começa a comer um pão que preparou
-dei folga pra Dulce e pra Sil, mas chamei elas pra vim, mas acho que nenhuma vem-faço careta
-por quê?
-não sei, acho que elas iam ficar sem jeito perto de tanto amigos famosos
-são todos gente como a gente
-eu sei e pelo menos convidei, agora fica a critério delas aceitar ou não
-e cadê a minha mãe?
-ela graças a Deus foi buscar algo em casa, se ela ver essas costas aí-Bruna diz e eu abaixo a cabeça sem graça com a situação
-se você ficar falando disso, nunca mais a Mel vai querer fazer e eu vou te dar umas palmadas-ele joga um limão nela que desvia rindo
-vou voltar pro meu filme, já tomei café mesmo-ela levanta e sai de perto da gente
-não fica com essa carinha sem graça, ignora a Bruna que é o melhor que você faz-ele me aconselha-ela só tá feliz demais e não consegue conter isso-ele alisa meus cabelos-pelo jeito não era só eu que ansiava tanto por esse dia-ele me faz rir
-eu percebi que não-grudo em seu cabelo e aproximo minha boca da sua-essa chupada não tem problema ninguém ver, é coisa mínima, só dá pra ver se chegar perto, mas as costas está muito arranhada e vermelha, não fica sem camiseta não
-não vou ficar, vou colocar uma camisa de botões, se eu sentir muito calor abro só os botões e fico com ela, a barriga tá inteira-ele desce seu olhar pelo própria barriga e eu faço o mesmo

Meu corpo dá uma leve arrepiada ao ver aquela lindeza de barriga, e se arrepia ainda mais ao chegar o olhar por cima do seu short.

Lembranças de ontem invadem meu pensamento e eu não sei o que fazer, mas sei bem o que é que eu quero.

-ei-Luan toca meu queixo e levanta minha cabeça pra que eu olhe em seu rosto
-eu te amo tanto-as palavras saem do nada e nem eu mesma entendo
-eu também amo você-ele segura minhas mãos e as deixa em seu peito

As mãos dele seguram meu rosto e ele se aproxima o suficiente pra encostar sua boca na minha. Solto um leve suspiro gostando da sensação, abro a boca pronta pra um beijo e o Luan faz o mesmo. Viro minha cabeça pra um lado e o Luan pro outro, mesmo sem combinar tomamos lados opostos com a cabeça fazendo com que o encaixe de nossas bocas fosse perfeito.

-eita que bom dia lindo-escuto a voz da Marizete próxima a gente e me afasto
-bom dia Mari-desço minha mão pela barriga do Luan e pouso em sua coxa
-bom dia Xumba-Luan coça a cabeça sem jeito
-vem me dar um abraço, meu aniversariante mais lindo-ela abre os braços pra ele que fica receoso, acho que pelas costas

Dou dois tapinhas em sua coxa incentivando ele a ir e tiro minha mão dali. Ele afasta a cadeira e vai com todo cuidado pra não virar de costas.

Ele se embaraça no abraço e vejo quando minha sogra vê algumas marcas das costas dele, ela automaticamente arregala os olhos, mas não me olha e continua a desejar coisas boas pra ele. Fico ali na mesa só esperando a minha bronca chegar. Termino de beber meu creme de abacate e me encolho na cadeira.

Quando Luan finalmente se afasta da Mari, é chorando, olho aquela cena e acabo me emocionando também. Luan merece ouvir todas as palavras mais linda desse mundo, aliás, ele merece o mundo todo, o que ele fez por mim eu jamais vou esquecer, foi incrível e homem algum faria, só ele mesmo e hoje eu sei que ele é diferente, não tenho nenhuma dúvida disso.

-já veio alguém aqui pra montar a mesa dos docinhos?-Mari senta de frente pra mim e não diz nada sobre o que viu
-ainda não, também tô esperando ansiosa
-já volto-Luan sai em direção a sala e some me deixando sozinha com a Mari e totalmente constrangida

Encho meu copo de suco e fico com o copo na boca fingindo que tô tomando.

-que horas o Luan chegou?-ela pergunta me olhando
-acho que era umas duas da manhã, não me recordo direito
-tem algo diferente em você?-ela fica me encarando e eu resolvo conversar direito com ela
-o que?-pergunto séria já sabendo o que viria
-não sei, pera ai-ela fica me encarando de longe, será que tô com alguma chupada?
-eu não sei o que é-ergo as mãos me rendendo a sua busca
-já sei-ela levanta e se aproxima

Mari fica atrás de mim e sinto suas mãos em minha cabeça, logo sinto o elástico do meu cabelo ser tirado e os fios escorrerem até meus ombros.

-você cortou-ela diz surpresa e eu me alívio
-cortei ontem, resolvi recomeçar a minha vida e isso inclui mudar a aparência, tô querendo dar uma clareada também, mas a Bruna achou melhor eu fazer isso no salão
-ela tem toda razão-ela passa a mão no meu cabelo e vem pra minha frente-você está linda demais
-eu concordo-Luan reaparece, dessa vez com uma camiseta
-obrigada, são os olhos de vocês-dou de ombros e eles riem

Antes que eles digam mais alguma coisa a campainha toca, Marizete levanta e sai pra atender garantindo que é o pessoal dos docinhos, quando ela volta realmente é quem ela achava.

-eu mostro onde vai ficar a mesa, vem-Mari sai e as pessoas acompanham
-sua mãe viu-falo com o Luan e ele se aproxima
-viu o que?
-suas costas arranhadas-apoio as mãos em seu peito
-sério?-me olha assustado
-seríssimo, ela fez uma cara de assustada e eu até pensei que ela falaria algo, mas ela toda plena fingiu que nada aconteceu
-minha mãe sabe ser discreta e ela sabe também que falar sobre isso não seria legal pra você, que você ficaria constrangida e toda contida quando formos fazer de novo
-eu já tô sem graça-fico sem jeito de falar
-não precisa, pode me arranhar quando quiser-ele faz graça e eu apenas dou risada
-você é muito bobo-fico na ponta dos pés e beijo seus lábios
-você me deixa assim-ele sussurra entre o beijo

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