Capítulo 21

Bianca foi a única que o Luan teve um relacionamento depois de mim. Lembro que quando voltei da Argentina eles estavam mais que firmes, eles só se separaram porque eu e o Luan ficamos juntos.

-ela voltou-sussurro pros dois
-tá falando da Bianca?-Bruna pergunta em dúvida
-não, a minha insegurança-cruzo os braços me ajeitando de lado na cadeira e o Rober solta uma gargalhada alta chamando a atenção do casalzinho a nossa frente pra gente

Luan me olha e eu dou um sorriso falso, mas tentando fazer parecer verdadeiro e como ele não larga a Bianca, aposto que ele acreditou.

Os dois nos olha e se aproximam mais. Ela larga do Luan e primeiro cumprimenta a Bruna, em seguida o Rober e se aproxima de mim.

-quanto tempo não vejo você-ela me aperta em um abraço-você nunca tava em nenhum dos shows do Luan que eu fui-ela faz a minha insegurança aumentar, ele nunca disse que ela tinha ido em algum dos seus shows
-ah, é que com a neném fica mais difícil, arrumei uma babá pra ela faz pouco tempo, mas no ano novo nós duas fomos pro show, se tivesse ido tínhamos nos encontrado-dou uma desculpa e ela sorri
-então foi por pouco, Luan havia me chamado, mas não deu pra ir-fico ainda mais insegura, mas não demonstro
-bom, fica a vontade, o que quer beber?-mudo de assunto
-uma Ice igual a Bruzita-ela diz e eu tenho que me controlar pra não revirar os olhos por causa do apelido que ela deu a MINHA amiga
-pega pra ela Luan-me viro pro meu marido que nem percebe o meu desconforto e ele sai em direção ao freezer-cadê sua mãe?-pergunto pra Bruna
-tá na cozinha
-ok, vou lá e já volto-sorrio pra todos-sem cerimônia Bianca, fica a vontade mesmo viu-me afasto e entro em casa me xingando mentalmente por estar sendo tão boa

Passo direto pela sala e subo as escadas morrendo de raiva por dentro. Eu nem sabia que eu era tão ciumenta assim, mas eu não estou fora da minha razão.

Eles se encontram, ela vai nos shows dele, eles se falam, eles se gostam, que droga!
Entro no meu quarto e me olho no espelho, mas percebo que nem com toda a minha produção fico tão bonita quanto ela.

-ela é tão perfeita-sussurro me olhando-eles são tão perfeitos juntos-digo sentindo minhas lágrimas descerem

Fico alguns minutos ali quietinha apenas curtindo a minha sofrência. Depois de perceber que não posso ficar ali o resto do dia, me levanto e entro no banheiro, lavo o meu rosto um pouco inchado e sigo pro meu closet.

Mesmo desanimada faço uma nova maquiagem e passo bastante corretivo, já que meus olhos também estavam inchados.

Me olho no espelho e vejo que não está nada mal a maquiagem que eu fiz. Desço as escadas e agora sim entro na cozinha. Minha sogra continua ali arrumando os pratos e talheres para o almoço.

-chegou mais alguém?-pergunto parando ao seu lado
-o que foi que tá com a voz trêmula?-me olha-você chorou?
-sim, viu quem chegou?
-a Bia?-pergunta e eu reviro os olhos
-você também gosta dela né?!
-ela é bacana e ajudou o Luan quando você foi embora
-tá-minha voz sai num sussurro e o meu choro novamente quer aparecer
-oh querida, não precisa de ciúmes de mim
-você gosta dela, Amarildo gosta dela, Rober gosta dela, a Bruna gosta dela e o Luan gosta dela, só falta a minha filha gostar dela também, coisa que eu não duvido-seguro minhas lágrimas ou terei que me maquiar de novo
-você sempre foi a minha preferida e sempre vai ser, pela Bia eu sinto gratidão por ela ter ajudado o Luan a não cair, mas você é diferente, você é da família, nós somos gratos a Bia, mas amamos você-ela diz e eu abraço ela fortemente contra o meu corpo
-você é incrível-sussurro pra ela
-ei mulheres da minha vida-escuto a voz do Luan atrás de mim, mas não largo a Mari
-não fala nada pra ele que tô com ciúmes-sussurro
-tá bom-ela confirma e eu me afasto
-obrigada-beijo sua bochecha
-amor-Luan me chama e eu me viro pra ele-vamos lá pra fora com a gente, já já o pessoal chega e eu mal vou conseguir te dar atenção-ele me puxa pela cintura e eu o abraço
-vai lá, já eu vou
-amor, o que foi?-ergue meu rosto e faz com que eu olhe pra ele
-nada, eu já vou, prometo-sorrio tentando tranquiliza-lo
-vou te esperar então-ele fica parado ao meu lado

Sabendo que ele não mudará de ideia, eu me afasto dele e saío da cozinha. Ele se aproxima de mim e volta a agarrar minha cintura.

-viaja comigo esse final de semana-ele convida e eu paro no meio do caminho
-a Bia vai?-pergunto enciumada
-não, por que ela iria?
-sei lá, ela vai sempre nos seus shows, você convida ela pra ir sempre, pensei que tivesse convidado todo mundo
-não, tô convidando só você, tô chamando só você, quero viajar só com você, eu e você
-e a Madu né?-pergunto e ele apenas nega com a cabeça-deixa a Madu um final de semana inteiro? Não-nego sem nem pensar
-ela vai ficar com os meus pais ou os seus se preferir, por favor, é só dois dias
-não vai essa semana na sexta?
-não, essa semana é show no sábado e no domingo, prometo que na segunda de manhã você estará aqui pra trabalhar
-amor-começo com cuidado e ele coloca a mão na minha boca
-pensa antes de negar, amanhã ainda é sexta, amanhã a noite você me avisa sobre ir ou não, por favor-afasta sua mão da minha boca e junta as duas implorando
-ok, vou pensar-dou de ombros

Começamos a andar novamente em direção a rodinha ali existente, mas a campainha volta a tocar. Me afasto do Luan e mando ele ir atender. Sigo até o meu sogro que agora mexe na churrasqueira e coloca algumas carnes ali e começo a conversar com ele que bebe uma cerveja.

-ainda não pode beber?-ele pergunta
-ainda não, meu tratamento tá quase acabando, faltam só dois meses e eu nem sei se quero
-ah, um vinho todo mundo gosta de vez em quando
-isso é verdade, sinto falta do vinho, principalmente quando eu e o Luan saímos pra jantar fora
-então, quando acabar o tratamento você vai poder
-eu me sinto melhor já, só sinto muita insegurança, mas fora isso, me sinto melhor
-você tem medo da Bia?-pergunta como quem não quer nada
-tenho-afirmo sem conseguir mentir pra ele
-sabe que não precisa né?
-eu acho que sei, mas é inevitável, não consigo controlar-tombo a cabeça de lado e sinto seus braços em volta de mim

Ainda sem sair do abraço sinto braços pequenos agarrarem minhas pernas. Me solto do Amarildo e olho pra baixo, encontro o Miguel.

Sorrio pra ele e pego ele no colo, o mesmo se aconchega no meu abraço e fica ali com a sua cabeça deitada em meu ombro.

-eu te amo Mel-ele diz me fazendo sorrir ainda mais verdadeiramente
-eu que te amo e não é pouco
-muitão?-ele tira a cabeça do meu ombro e fica me olhando
-sim, muitão, do tamanho do céu
-eba-sorri segurando o meu rosto com suas mãozinhas e me dá uma bitoca

Ficamos em silêncio apenas nos olhando e ele volta a deitar a cabeça no meu ombro.

-tô com fominha-diz como quem não quer nada
-quer mamadeira ou comer alguma coisa?
-pão com tomate-ele levanta sua cabeça novamente e eu dou risada ao ver que viciei ele em pão com vinagrete
-então vamos lá dentro e eu te dou pão com tomate-imito ele
-vamos-concorda

Apenas sorrio pro Amarildo e me afasto com o Miguel. Ando até a rodinha e agora Luan está ali ao lado da Bia, assim como Well e alguns meninos da banda.

Paro ali e converso com os meninos e distribuo beijinhos, eles mesmo estranhando um pouco me abraçam e me beijam.

Continuo a andar e ao entrar em casa vejo meus pais. Ainda abraçada ao Miguel cumprimento os dois com abraços muito apertados e digo no ouvido de cada um que eu os amo.

-também amo você-eles retribuem

Entro na cozinha e preparo o pão pro Miguel, volto pra sala e sento ele ali.

Enquanto ele come converso com os meus pais que quando sem querer eu falo sobre deixar a Madu com eles pra viajar com o Luan, eles surtam e dizem que vai ser incrível.

-ainda estou pensando sobre ir ou não-dou de ombros
-deixa a Madu comigo-Miguel pede fazendo ainda mais voz de bebê, ele sabe que assim ele me ganha
-Guel-o repreendo
-por favorzinho-ele coloca o pão no colo e junta as mãozinhas
-tá bom-me rendo e os três comemoram-promete que não vai atrapalhar?-falo com a minha mãe
-prometo, não vamos sair esse final de semana, combinamos com o seu irmão pra gente ficar juntos em casa, fazendo sessão cinema
-tá bom, mas vou ligar toda hora
-sem problemas-dá de ombros concordando com um sorriso gigante
-por que tá tão feliz?-pergunto
-sempre que precisa que alguém fique com ela, sempre é os pais do Luan ou a Bruna, você nunca a deixa conosco-meu pai diz na lata
-é que vocês têm o Guel e eu sei que ele não é nada santo, então como odeio atrapalhar vocês eu deixo com eles que não tem criança nenhuma
-mas pode deixar com a gente sempre que precisar, não nos importamos de ficar com ela e vamos amar-minha mãe diz ainda sorrindo
-ok então, prometo deixar mais com vocês
-que bom, agora vou lá no Amarildo-meu pai levanta
-vai lá e vocês são de casa, pode pegar o que quiserem lá fora, aqui na geladeira, não precisa pedir, só fazer-dou carta branca e ele sai
-vou na Mari-minha mãe vai atrás da minha sogra e eu fico na sala esperando o Miguel terminar de comer

Nos sentamos no chão e enquanto ele come, converso com ele. A campainha volta a tocar e eu atendo dando de cara com os amigos do Luan. Os recepciono da melhor maneira e mostro onde ele está, fico na sala com o Miguel e ainda me levanto mais três vezes pra recepcionar mais amigos do Luan.

Começo a me sentir um pouco sufocada com tantas pessoas e depois de mandar o Miguel ir até o Luan, me levanto pronta pra subir as escadas, mas antes disso a campainha toca e eu sigo até lá. Dessa vez não é um amigo do Luan, e sim o Guto e a Lia.

Me jogo nos braços dele em um abraço apertado e fico assim por alguns minutos, até a Lia reclamar.

-ei, também estou aqui e estou com saudade e esse que está agarrando é o meu namorado viu-ela diz e eu dou risada me afastando dele e agora me jogo em seus braços em um abraço tão demorado quanto ao do Guto
-tô tão feliz que estão aqui, a Bruna me trocou-faço bico
-por quem?-Guto pergunta rindo
-pela Bianca-falo esnobe e eles dois dão risada de mim
-essa Bianca é a mesma que teve rolinho com o Luan quando você foi pra Argentina?-Guto pergunta sorrindo só pra me irritar
-sim-lhe dou um tapa-se vocês ficarem de amizadinha com ela e me esquecerem também eu juro que vou chorar-ameaço e o Guto volta a me abraçar
-jamais te trocaria anãzinha-beija o topo da minha cabeça

Entramos em casa depois de ter me certificado que não tinha mais ninguém ali, sigo até o lado de fora com eles. Uma música rola um pouco alta, mas existe alguns grupinhos separados conversando animadamente e o Luan está com os amigos e não com a Bia, o que me deixa um pouco tranquila.

Puxo o casal até o freezer e dou uma cerveja ao Guto e uma Ice pra Lia.

-o Alan já voltou pra Argentina?-pergunto como quem não quer nada
-voltou, mas ele não vai ficar muito tempo por lá, parece que ele tá vindo pra ficar, não sei direito, acho que recebeu uma proposta de algum canal
-aquele viado não fala mais comigo
-você sabe bem o porque, seu marido é muito ciumento quando se trata do Alan, assim como eu tô vendo que você é ciumenta quando se trata da Bia-reviro os olhos e ele ri-mas relaxa, Alan não falou contigo esses dias porque ele sabia que não conseguiria guardar o segredo, é uma surpresa pra você
-era uma surpresa né?-Lia o corrige e ele parece perceber que falou de mais
-finge que eu não contei nada-bebe um longo gole da sua bebida
-Guto, você é muito sem noção-aviso rindo dele que revira os olhos-sem revirar os olhos pra mim-brigo e ele ri
-minha Mel-ele para e fica me olhando-você é a minha Mel-ele sorri de um jeito que sinto como se eu nunca tivesse mudado
-sabia que eu amo você?-tombo a cabeça de lado e ele volta a me abraçar
-te amo nanica-diz me apertando

Bruna se aproxima da gente e faz bico ao nos ver abraçados.

-lembrou que tem uma amiga aqui?-pergunto irônica e ela ri
-para de ser tão ciumenta-ela canta me fazendo revirar os olhos-vamos sentar ali com as mulheres-me chama
-vou com os homens-Guto termina a cerveja, pega outra e sai
-vou ter mesmo que ser simpática com ela, mesmo estando morrendo de ciúmes?-pergunto e ela concorda sorrindo-ok Bruna Santana
-não precisa ser simpática amiga, só conversar normal, você consegue, eu sei que sim, vocês já conversaram antes e foi normal
-ok então, vamos

Espero as duas terminarem suas Ice, cada uma pega outra e seguimos até a rodinha de mulheres.

Bia sorri pra mim e eu retribuo o sorriso, começamos a conversar sobre diversas coisas e eu me empolguei ali.

Só me levanto pra pegar suco ou refrigerante, mas logo volto e fico a par do assunto falado por elas.

Já na hora do almoço me levanto com a Marizete e minha mãe me chamando. Sigo até elas que me olham esperando ordens.

-quê?-pergunto sem entender aquelas caras pra mim
-você que tem que dizer se pode servir, onde servir, o que servir-Marizete diz como se fosse óbvio
-pode servir sim que já tô com fome, a mesa tá arrumada, tem bastante carne pronta, é só colocar tudo lá e cada um se serve
-tá bom-as duas falam juntas
-vou levando os pratos e talheres, vocês vão levando as comidas-pego alguns pratos e levo até a mesa

Volto até a cozinha, pego mais alguns e também coloco na mesa, em seguida levo os talheres e ali eu deixo.

-Luan-chamo meu marido
-oi?-ele se aproxima
-se serve e libera o almoço pra todo mundo-peço
-tá bom-me rouba um selinho e pega um prato já servindo sua comida

Escuto um barulho vindo da babá que estava andando pra lá e pra cá comigo e nem peço licença, apenas sigo pra dentro de casa.

Subo até o quarto da Maria e encontro ela chorando.

-o que foi?-pego ela no colo e ela sorri entre lágrimas

Sinto o fedo do seu coco e na hora adivinho o porque de tanto chororo.

-tá explicado o berreiro-coloco ela de volta no berço e pego sua banheira

Preparo todo o seu banho, pego tudo o que preciso e dou um banho nela a deixando cheirosinha novamente.

-pronto-digo depois de terminar de arrumar o cabelo dela

Pego sua chupeta, mas ela me parece feliz e nada afim.

Desço as escadas com ela e me aproximo de todo mundo que já estão terminando de almoçar.

-vish que coisa mais gostosa do vô-Amarildo babão lava as mãos e é o primeiro a pegar ela

Me aproximo da mesa e coloco comida pra mim e pra Madu, mas assim que termino de colocar escuto o Luan pedir um favor pra Bia.

-coloca mais um pouco de comida lá pra mim Biazinha-sua voz soa tão doce e convincente

Eu estou na mesa de comida e ele não foi sequer capaz de pedir o favor pra mim. Deixo minha comida em cima da mesa e saío dali bufando, sem me preocupar se alguém percebeu.

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