Capítulo 24

Exatos três meses se passaram, apesar de estar melhor terei que continuar com o meu tratamento com a Ariane, porém sem remédios.

Continuo trabalhando, fazendo uma dieta balanceada, academia, saindo com o meu marido, a babá continua me ajudando, assim como a Dulce.

Depois de mais um dia cansativo, chego em casa e estaciono o meu carro na garagem. A melhor parte do meu dia é na hora do meu almoço que eu vejo a Madu e quando chego em casa que posso brincar com ela até a hora dela dormir.

Hoje especificamente é um dia ainda melhor, Luan chegou hoje de viagem e provavelmente está em casa pra me receber, assim como a minha filha.

Depois de trancar o meu carro, entro por trás e ali em baixo está um silêncio tremendo. Sigo até a cozinha e ninguém. Subo as escadas, procuro pelos quartos, ninguém. Desço até o escritório, ninguém.

-que droga-tiro o salto e me sento no sofá pegando o meu celular na mão

Há algumas mensagens do Luan. Entre elas ele avisando que tinha acordado, avisando que estava saindo do hotel, avisando que já estava decolando, ele avisando que tinha pousado, ele avisando que tinha chegado em casa, entre outras, mas a última me fez bufar.

"Luan: Vim aqui nos meus pais, trouxe a Madu comigo, me avise quando chegar!"

Respondo avisando que estou em casa, mas não obtenho resposta.

Sigo pra cozinha e faço um sanduíche natural, aproveito e pego algumas laranjas, faço um suco e volto pra sala já comendo.

Mando uma mensagem pro Alan e ali ficamos por alguns minutos. Ele voltará a morar no Brasil daqui duas semanas, vai trabalhar na RedeTV, ainda não sei direito em qual programa, em qual parte, mas a proposta cobriu o que ele ganhava na Argentina e ele óbvio que aceitou voltar. Era pra ser uma surpresa pra mim, mas como o Guto contou no dia do churrasco, acabei contando a ele que eu sabia e ele primeiro ficou bravo, mas logo começou a desabafar comigo.

Olho as horas no relógio da parede e resolvo fazer um jantar especial. Eu e o Luan mal comemoramos um ano de casado, eu pretendia chegar e pedir a Bruna pra vim passar a noite com a Madu, e ir jantar fora com o meu marido, mas já vi que a ideia não vai rolar.

Faço macarrão ao molho branco com frango e salada de alface.

Quando termino percebo que já é tarde, pego o meu celular e ainda não tive resposta do Luan.

Depois de colocar a mesa, subo e tomo um banho caprichado, quem sabe conseguimos matar a saudade.

Desço vestida em um vestido curto e soltinho. Me sento no sofá e ligo a TV esperando eles chegarem.

Pego meu celular de cinco em cinco minutos, mas não há sequer sinal dele. Começo a ficar cansada e pela hora tenho certeza que os dois já jantaram. Sigo pra cozinha e mesmo querendo ignorar a comida que eu fiz, tiro um pouco e coloco no microondas pra esquentar. Espero alguns minutos até ele apitar, pego o prato e deixo na mesa.

Sigo até o bar e escolho um vinho entre tantos.

Volto pra sala de jantar e pego uma taça. Enquanto como bebo o vinho, é tão bom saber que agora eu posso beber tranquila.

Depois de comer toda a comida no meu prato permaneço ali bebendo aquele vinho até secar a garrafa, nunca fui tão boa com vinho em excesso e não serei agora.

Deixo tudo o que eu usei ali na mesa mesmo e depois de trancar a casa subo as escadas. Troco o vestido por uma camisola qualquer e me jogo na cama. Olho o despertador pra ver se está programado e fecho os olhos deixando o sono me levar.

Escuto o meu despertador e abro os olhos. Não encontro ninguém ao meu lado, tudo está do jeito que estava quando fui dormir.

Pego o celular e desligo o despertador, há uma mensagem do Luan, rapidamente abro e vejo que ele mandou de madrugada.

"Luan: Desculpa não ter respondido antes, meu celular ficou sem carga e eu esqueci ele no quarto carregando.
Vamos dormir aqui, a Madu dormiu e minha mãe ficou com dó de colocar ela no bebê conforto. Amanhã assim que eu acordar volto pra casa, bjs"

Nem respondo sua mensagem, apenas procuro o número da minha sogra e ligo pra ela enquanto ando até o closet pra escolher uma roupa pra ir trabalhar.

Depois de ter certeza que minha filha está bem e que dormiu bem, encerro a chamada e entro no banheiro.

Tomo um banho bastante demorado pra ver se a minha dor de cabeça por causa do vinho cessa, mas nada acontece.

Saío enrolada em um roupão e com uma toalha enrolada no cabelo. Visto minhas peças íntimas, passo meus cremes e seco o meu cabelo. Visto a roupa que escolhi, arrumo minha bolsa e desço, encontro Sil ali no sofá.

-Oi Sil, desculpa te fazer ficar aqui esperando, a Madu está na minha sogra com o pai dela, tira o dia de folga, não vamos precisar de você hoje, mas venha amanhã na mesma hora de sempre, prometo que se não precisar de você eu te aviso
-tudo bem Mel, não se preocupe e obrigada-ela se levanta e sai um pouco sem jeito

Sigo pra cozinha e encontro a Dulce lavando louça, acho que foi a minha sugerada de ontem.

-bom dia Dulce-beijo sua bochecha e ela sorri
-bom dia, posso fazer algo em especial pra você?
-não, vou só fazer um misto rápido e beber um copo de leite
-tá bom então-ela continua o que fazia

Pego um remédio pra dor de cabeça na maleta e tomo, volto pra sala de jantar e faço um misto. Sirvo um pouco de leite e café, misturo e começo a comer, até escutar a porta da frente se abrir e logo a voz do Luan ecoa ali.

-amor-ele diz alto e eu reviro os olhos

Escuto passos e ele se aproxima de mim.

-ah, você está aí-ele se aproxima

Pego a Madu e quando ele vem me beijar eu viro o rosto e seu beijo pega na minha bochecha.

-mamãe morreu de saudade minha princesa-converso com ela que me encara rindo-espero chegar hoje e te ter aqui pra te encher de beijos-beijo todo o seu rosto
-amor, tá brava?-Luan senta ao meu lado
-te amo neném-falo com a Madu e depois de dar outro beijo nela entrego ela pro Luan e desisto de terminar o meu café da manhã

Me levanto e sigo até o meu quarto. Tranco a porta e entro no banheiro, escovo os dentes e em seguida saío. Desço as escadas e o Luan me espera ali sem a Maria, ela agora está no tapete com alguns brinquedos.

-o que foi?-Luan segura em meu braço
-por que acha que tem algo errado?-afasto meu braço dele e cruzo os dois
-eu cheguei e fui beijar você e você simplesmente virou o rosto, não falou comigo a não ser agora e eu não vi um sorriso seu destinado a mim
-você chegou, pegou a nossa filha e saiu-tento manter a calma-quando eu cheguei aqui sabendo que você já tinha chegado de viagem, eu tava toda animada, porque eu amo chegar e ter vocês me esperando, eu queria ficar junto, queria matar a saudade que eu estava de você e que eu pensei que você estava de mim-ele tenta retrucar, mas não deixo-eu queria ter chegado e ser recebida com beijos, com sorrisos de felicidade, mas fui recebida por silêncio, jantei sozinha e fui dormir sozinha, eu não tinha você e também não tinha a minha filha, então não tenta fazer parecer que está feliz por me ver, pois eu já percebi que não está-limpo as lágrimas que escorreram dos meus olhos

Me aproximo da minha filha e encho ela de beijinhos, pego minha bolsa, o meu celular e ando em direção a porta.

-dispensei a Sil, se precisar leva ela pra casa dos meus pais ou dos seus novamente-pego a chave do meu carro e saío logo dali

Eu odeio brigar com ele, mas ser esquecida sozinha ontem não me deixou feliz, eu nunca fiquei sozinha, depois da doença eu nunca dormi sozinha, mesmo não tendo ninguém aqui, eu tinha a minha filha.

Chego na Record e sigo direto pro meu estúdio. Cumprimento todo mundo ali e entro na minha sala, mas me recordo que eu não tomei café direito e peço pra Janine me providenciar algo pra comer.

Trabalho a manhã toda e na hora do almoço peço uma marmita e como ali mesmo, não tô afim de ir pra casa e brigar com o Luan.

Trabalho a tarde toda muito centrada, se eu me desconcentrasse um pouco que seja eu com certeza piraria.

Depois de passar mais de uma hora do meu expediente, me despeço de quem ainda está ali e sigo pro meu carro.

Pego meu celular e há algumas mensagens ali, algumas dos meus pais, outras da Bruna, uma do Alan, e várias do Luan.

Ignoro tudo, deixo o celular de lado e dirijo até a minha casa. Mal estaciono na garagem e o Luan aparece na porta de acesso.

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