quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Capítulo 30

Continuo a pensar, até sentir alguém abraçar minhas pernas. Sei bem quem é e rapidamente me levanto e o pego no colo.

-oi Mel-Miguel diz e eu beijo seu rosto-tava com saudade-deita a cabeça no meu ombro
-eu também tava com saudade meu amor, você tá bem?
-tô sim e você?-ele passa a mão em minhas olheiras
-tô bem também meu amor-volto a beijar ele

Resolvi curtir o meu irmão e combinei dele ir pra minha casa no final de semana, pra gente curtir sol e piscina.

Minha filha acordou pra jantar e depois de um tempo brincando com o Miguel ela voltou a dormir.

Meu pai demorou a voltar, mas quando chegou me disse que eu deveria mesmo conversar com o Luan, pois ele não está bem, está tendo pensamentos idiotas e querendo fazer besteira.

Eu mal dormi a noite e pela manhã revi todos os meus compromissos pra hoje, ao perceber que não tenho nada importante ligo pra Janine e aviso que não irei hoje, que vou tirar o dia de folga, ela apenas concorda dizendo que avisará e em seguida desligo.

Desço as escadas vestindo uma de minhas roupas que o meu pai trouxe e encontro minha mãe preparando o café.

-vou pra casa, você vai trabalhar?
-vou, por quê?
-deixa a Maria na Mari pra mim?
-deixo, mas por quê?
-eu e o Luan precisamos conversar, precisamos tentar ajeitar tudo isso, vou pra casa
-não vai trabalhar?
-não, hoje não tenho nada de importante pra fazer lá, eu tenho algumas horas extras pra tirar e farei isso hoje
-toma café primeiro
-não mãe, eu preciso ir, obrigada por tudo-me aproximo e a abraço apertado-diz pro papai que eu deixei um beijo e um abraço-beijo sua bochecha
-juízo
-isso eu tenho de sobra-sorrio pra ela

Pego as minhas coisas e saío. Dirijo bem mais tranquila do que ontem a noite e ao chegar em casa encontro silêncio.

Na sala não encontro Sil como se costume, sigo até a cozinha e não encontro Dulce. Luan deve ter dispensado elas.

Na mesa está toda a comida que pedi ontem, só que ela está toda estragada, ninguém nem tocou na comida.

Recolho tudo e sigo pra cozinha, preparo um café forte, esquento um pouco de leite e deixo tudo na mesa, volto e pego um bolo que está no forninho, alguns pães, algumas coisas na geladeira e deixo na mesa também.

Me sirvo e como em silêncio. Quando termino levo o que sujei pra cozinha e lavo. Subo as escadas devagar e ao entrar em nosso quarto sinto os olhos do Luan em mim.

Seus olhos estão inchados e vermelhos, no mesmo momento que ele percebe que sou eu, seus olhos derrubam lágrimas e lágrimas.

-não veio dizer que me odeia né?-ele funga limpando suas lágrimas-não veio dizer que vai me deixar né?-me aproximo da cama e me sento ao seu lado-se acha que esse filho vai nos atrapalhar, eu dou um jeito, dou dinheiro pra mãe dele, eu não o assumo, a gente não precisa vê-lo, eu prometo, o passado vai ficar onde tem que ficar, o passado vai ficar onde sempre ficou
-não fala isso dele, é uma criança que não tem culpa de nada, você o fez, você vai assumir sim-digo de cabeça baixa
-e isso vai me custar o que? Você? A Madu? Não, vocês são a minha família, eu não vou perder vocês
-e você não vai nos perder, nunca-falo firme e ele se senta disfarçando um sorrisinho-eu ainda estou perdida, não sei o que fazer, nem sei direito o que falar, você tem um filho e isso é pra vida toda, sempre vai ser uma lembrança de tudo o que você fez pelas minhas costas, e eu só queria esquecer, mas agora tudo voltou e esse filho nunca vai me deixar fazer isso-falo baixinho e ele nem ousa a se aproximar-mas quando eu decidi voltar pra você, eu voltei inteiramente, eu perdoei tudo o que você fez antes.-sou sincera-Você foi e vem sendo o melhor homem pra mim quando eu mais precisei e preciso, você me cuidou mesmo de longe, você me esperou, você me deu espaço mesmo sem realmente dar, eu nunca vou esquecer isso, nunca, você passou por tudo isso ao meu lado e é a minha vez de retribuir-fico em silêncio por alguns segundos e ele espera que eu continue-podemos tentar fazer isso dar certo, você vai assumir esse filho, vai proporcionar a ele tudo o que proporciona a Madu, vamos achar uma explicação pra mídia e juntos vamos dar amor pra essa criança. Eu prometo tentar não ser má com ele, não jogar na sua cara que ele é parte de um passado horrível, prometo tentar fazer isso dar certo-suspiro derrotada sem nem tentar fazer o contrário, eu jamais poderia pedir pra ele renegar um filho e eu não posso perde-lo, isso nunca
-está dizendo que vamos ficar juntos nisso também?-concordo com a cabeça e ele sorri-meu Deus Mel, você é muito perfeita-ele se aproxima e toca a minha bochecha-eu te amo tanto-vejo que ele vai me beijar e o afasto um pouco
-eu prometo tentar tudo isso o que eu  disse, mas eu não posso negar que estou insegura, eu tenho medo, muito medo-começo a brincar com os meus dedos
-não tenha, eu sou seu Mel, sempre vou ser-novamente ele tenta me beijar e eu me afasto
-me fala dele, qual o nome? Já o conheceu?-mudo de assunto
-ele se chama Bernardo, eu o conheci na sexta quando fomos fazer o exame de DNA, eu não te disse nada antes, porque era só uma hipótese, eu precisava de certeza pra nós tirar da zona de conforto que estávamos-ele diz sem jeito-e ele é lindo, confesso que ele se parece comigo-ele solta uma risadinha-ele tava com medo porque iam furar ele e nós conversamos, quando percebemos já haviam colhido o sangue dele e ele se sentiu um homem grande por não chorar
-então como você mesmo falou, vocês já fizeram o DNA né?!-sinto minha boca secar
-sim, como eu disse, eu precisava ter certeza que ele era meu antes de te contar, eu não podia te desesperar com algo que não era concreto, eu não queria perder você pra uma hipótese
-e o resultado foi positivo-afirmo e ele sorri de lado concordando
-eu já sentia, eu já sabia que ele era meu filho, antes mesmo de ser, criamos um grande laço só de nos olharmos, era pra eu esperar que ontem sairia o resultado e iríamos saber juntos, mas aí você sumiu, e eu vi que tinha saído pra beber, não consegui esperar, vocês são importantes pra mim, muito mais que qualquer coisa e eu precisava ter certeza que estava tudo bem entre a gente, o Testa ficou lá em Minas e ele pegou o resultado e me mandou uma foto confirmando a paternidade
-não quero te perder-sinto minha voz falhar ao pensar na possibilidade
-nem eu-ele confessa-por isso eu não contei antes também, eu precisava de um jeito que fizesse você perceber que nada vai mudar, nada vai nos atrapalhar e que é só você que eu amo
-isso tudo é tão novo, tenho medo da gente não conseguir passar por isso, mas só vamos saber se tentarmos né?
-eu te amo Mel-ele volta a se declarar
-quando vai trazê-lo pra que eu o conheça?-ignoro sua declaração e ele suspira
-ainda não sei, primeiro preciso falar com a mãe dele e combinar, não sei se ela vai querer deixar ele vim sozinho ou se ela vai querer vim junto
-não quero ela aqui-falo rápido-ele tudo bem, mas ela por enquanto não, eu mal me acostumei com a ideia de ter que conviver com um filho seu fora do casamento, não consigo me acostumar agora com a mulher que você preferiu do que a mim-ele volta a suspirar
-tudo bem, mas eu não quero ela, eu quero você, quero continuar com você e assim vai ser, ela não é nem uma opção, não mais, eu juro pela nossa filha amor, só existe você na minha vida, eu nunca mais vou cometer o mesmo erro, nunca mais-ele diz olhando em meus olhos-eu sei que nunca devemos dizer nunca, mas nesse caso eu digo que nunca com muita certeza, eu amo você, eu amo muito, pode tentar ignorar isso agora, mas eu amo você, só você-ele fica repetindo-eu te amo Mel, e eu vou fazer de tudo pra sua insegurança passar, vou fazer de tudo pra isso dar certo e eu prometo fazer de tudo pra não magoar você. Você é a única pessoa que eu não quero magoar, por isso escondi tudo, você já foi muito magoada por mim e eu não quero repetir isso, não quero ser o culpado pela sua dor, me perdoa por fazer você reviver isso, me perdoa por tudo o que eu fiz no passado e me perdoa por tudo o que eu fiz agora-ele diz enquanto lágrimas escorrem dos seus olhos
-eu queria não estar insegura-fungo sentindo minhas lágrimas descerem-mas é inevitável, eu não consigo não ficar, eu já te confessei todos os meus medos antes e agora preciso confessar de novo. Eu tenho medo da minha insegurança nos afastar, tenho medo de te perder pra essa nova mãe, tenho medo de você perceber que eu não valho a pena, eu tenho medo de você procurar consolo em outra pessoa por eu não ser suficiente, eu tenho medo-choro e ele me olha da mesma forma-quando eu disse que perdoava você, eu realmente perdoei, por isso estou aqui, disposta a tentar, mas novamente você terá que ser paciente comigo, você vai ter que aceitar o meu tempo pra finalmente minha insegurança passar, vai ter que me esperar quando o meu medo falar mais alto, vai ter que ficar aqui mesmo que eu peça pra você ir
-eu aguento passar por tudo de novo, desde que não me odeie, desde que não me deixe
-eu não te odeio e eu não vou te deixar
-então eu aguento tudo, qualquer coisa
-aproveita que está essa semana de folga e vai pra Minas-aconselho




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♥️♥️♥️

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