Capítulo 40

Saío da cozinha carregando a minha filha e entro no meu quarto, ligo a torneira da banheira e deixo ela enchendo. Enquanto isso sigo pro quarto da minha filha, pego uma roupa pra ela e arrumo sua bolsa de sair. Pego a malinha do Bernardo e separo uma roupinha pra ele.

Antes de sair levando a roupa da Maria, paro ao lado da cama e fico encarando o pequeno dormindo na cama que tem ali, ele é igualzinho o Luan. Todo espaçoso e dorme de boca aberta. Escuto ele burburar alguma coisa, mas não sou capaz de entender. Até isso ele puxou do Luan.

Resolvo deixá-lo sozinho e volto pro quarto.

A banheira já está em um tanto bom, tiro a roupinha da Maria e a minha roupa ficando só de calcinha e sutiã.

Entro na banheira com a minha filha e ela automaticamente bate os pezinhos na água espirrando um monte em mim.

-eu mocinha, você tá jogando água em mim-converso com ela que começa a gargalhar enquanto bate os pezinhos

Estava brincando com ela quando o Luan aparece e ao nos ver ali, ele sorri animado.

-que coisa linda vocês duas ai
-vem também-convido e ele me olha surpreso, mas não nega

Luan tira a roupa ficando só de cueca e se senta na banheira do lado oposto do meu.

-me dá ela um pouquinho-Luan pede e eu lhe entrego a nossa pequena-comeu alguma coisa?-pergunta me olhando
-comi a metade da pera da Maria
-só isso?
-sim-dou de ombros
-você malhou hoje né?-fica me encarando
-sim, como sabe?
-vi no insta do Rafael, não gostei dele pegando em você daquele jeito
-nem vem, pode ter ciúmes de quem quiser, mas do Rafa não né? Você já viu a tora que é a aliança dele
-eu tô brincando, não tenho ciúmes dele, sei que ele namora, mas você mentiu pra mim, disse que não poderia falar comigo durante o dia, porque tava cheia de reuniões, ai do nada você aparece na academia, foi ai que percebi que estava mesmo chateada comigo
-tava mesmo, pensei que viria, que íamos nos ver, que você faria minha insegurança passar, ai eu acordo e ganho esse banho de água fria-reviro os olhos
-mas agora tô aqui
-e agora eu tô feliz-me estico e lhe dou um selinho

Me deito na banheira e coloco minhas pernas no colo do Luan. Passeio com meus pés pela sua virilha e quando toco seu membro ele me olha um tanto aterrorizado.

No mesmo momento escuto um choro alto, é o Bernardo. Ele começa a chamar o Luan que me olha triste por ter que encerrar o banho.

-separei uma roupa pro Bernardo, tá em cima do encosto do berço, pega a roupa e traz ele pra tomar banho com a gente, assim a gente fica tudo pronto e vamos mais cedo pra casa dos seus pais, que é pra eles conhecerem mais do seu filho
-já volto-ele me entrega a Maria e sai com um sorriso gigantesco
-pega toalha, você tá molhado, não vai sair pingando pela casa não-reclamo antes mesmo dele sair do banheiro
-já peguei-ele me mostra o pano e sai

Fico jogando água na cabecinha da Maria que sorri batendo as mãozinhas na água.

Luan volta com o Bernardo que tem a carinha amassada.

-dormiu bem?-pergunto pra ele que abraça a perna do Luan
-dormi
-vem-chamo ele que me olha assustado-não sou mal, lembra?-tento fazê-lo se lembrar
-lembro-ele coça os olhinhos
-tira a roupinha dele-falo com o Luan

Ele faz o que eu pedi e entra na banheira com o menino. Me lembro de uns brinquedinhos de banho da Maria e peço pro Luan buscar.

-já volto-ele vai e deixa o Bernardo comigo que fica quietinho e encolhido na banheira
-você gostou do quarto da Maria?-pergunto e ele concorda-de qual personagem você gosta? O que você gosta de assistir? Qual sua cor favorita?-faço uma pergunta em cima da outra e ele ri de mim-desculpa, me empolguei-dou de ombros-como é seu quarto lá onde você mora?
-é roxo, eu quelia veide, do ben10
-você gosta do Ben 10?-finjo estar surpresa
-eu gosto, mas não tenho-ele faz um biquinho
-não tem nenhum?-pergunto dessa vez surpresa de verdade
-nenhum
-hum, vou te fazer uma surpresa
-o que?-pergunta empolgado
-é surpresa-dou de ombros-quando você vim aqui de novo aí você vai ganhar sua surpresa
-tá bom-ele concorda

Maria bate os pés e espirra água nele, ele delicadamente joga água nela que dá uma gargalhada.

-ela gostou-ele diz repetindo o ato
-com certeza ela gostou-afirmo e ele fica brincando com ela

Luan volta carregando um monte de brinquedo da Maria e joga na banheira. Bernardo pega um carinho e começa a fazer barulho com a boca em direção a Maria que só sabe rir e bater as mãos na água.

Pensei que nosso banho seria rápido, mas acabou durando bem mais do que imaginei.

Sai primeiro com a minha filha primeiro que os meninos, passamos no chuveiro rapidinho e seguimos pro quarto enroladas em um roupão.

Primeiro arrumo a Maria e em seguida espero o Luan sair com o Bernardo e entro no closet.

Coloco uma saía longa e um cropped, calço uma rasteirinha e faço uma maquiagem levinha. Arrumo o meu cabelo e gosto do que vejo no espelho.

Saío do closet levando minhas roupas íntimas que estavam molhadas e o roupão. Luan me olha dos pés a cabeça, assim como o Bernardo.

-você é linda-Bernardo me elogia e eu sorrio me aproximando dele
-você que é-beijo sua bochecha

Escuto o celular do Luan tocar e pego na mão, o nome "Priscila" está ali causando dor ao meu coração.

Entrego o celular pro Luan, pego minha filha com uma mão e saío do quarto.

-quando descer traz a bolsa da Madu e a minha também-grito do corredor e escuto o Luan gritar um "tá bom"

Deixo a roupa molhada na máquina e me sento na sala com a minha filha que toda manhosa se deita no meu ombro e faz carinho no meu rosto.

-não importa o que aconteça, vai ser sempre eu por você, não importa se você tiver somente eu na sua vida, você vai ter 100% de mim, sempre-sussurro pra ela, como se ela pudesse entender

Ficamos queitinhas ali no nosso cantinho, eu estou emocionalmente abalada com a situação que estou vivendo e pelo jeito minha filha está sentindo isso.

-desculpa princesa-continuo a conversar com ela e sinto meus olhos se encherem de lágrima, mas não as derrubo

Escuto passos na escada e tento mudar a minha feição, mas as minhas lágrimas continuam ali.

Fico com um sorriso no rosto pra usar como disfarce e o Bernardo que é o primeiro a aparecer na minha frente, fica me olhando estranho.

-você quer chorar?-ele diz fazendo ainda mais voz de criança e falando errado

Luan rapidamente se aproxima de mim e fica me encarando querendo uma resposta.

-foi minha culpa?-Bernardo se desespera e eu sorrio tentando tranquiliza-lo
-eu não quero chorar, foi um bichinho da luz que caiu no meu olho, mas se você assoprar aqui, vai ficar tudo certo-aponto pro meu olho e ele parece cair na minha conversa
-tá-responde e se aproxima de mim

Ele assopra os meus olhos, pisco diversas vezes e finjo que está tudo bem.

-agora sim, obrigada Bê-agradeço e ele sorri se achando
-de nada-dá de ombros
-pegou minha bolsa?-pergunto ao Luan, pois ele não tem nada nas mãos
-sim
-a bolsa da Eduarda?-ele concorda-meu celular?-ele bate no bolso-então tudo certo, vamos?
-vamos-Luan concorda meio contrariado, provavelmente ele queria questionar o motivo dos meus olhos estarem inundados de lágrimas, mas sei que ele não faria na frente do Bernardo

Pego a chave do meu carro, já que é maior que os carros dele e sigo até a garagem. Abro o carro e coloco a Maria no bebê conforto. Bernardo que estava atrás de mim entra no carro e eu ajudo a prende-lo com o cinto.

Dou a volta no carro pronta pra entrar no banco do passageiro, mas o Luan levemente puxa o meu braço.

-ela ligou pra falar com o Bernardo-ele explica o motivo da ligação-desde a hora que chegamos eles não se falaram, eu apenas mandei uma mensagem avisando, ela queria saber se ele estava bem
-tudo bem Luan, só se coloque no meu lugar um instante, essa mulher liga toda hora, ela querendo ou não interrompe os nossos momentos bons e é sempre uma lembrança que eu queria esquecer-suspiro-deixa pra lá-tento abrir a porta, mas ele não deixa
-me desculpa-pede ele
-eu já disse que desculpei você Luan, só que esquecer é difícil quando uma das mulheres que você me botou chifre te liga o dia inteiro
-vou combinar horários com ela pra que ela ligue, que horas você acha melhor?
-por mim seria hora nenhuma, mas eu não posso pedir isso, então se resolva sozinho, por favor, eu não quero me envolver com ela, só com o Bernardo tá de bom tamanho
-tudo bem, me desculpa, de novo e eu vou resolver
-tá, agora vamos
-vamos-segura em meu rosto e me rouba um selinho

Ele finalmente me deixa abrir a porta e entro ali largando ele me olhando.

Luan dá a volta e senta no banco do motorista. Abro o portão com o controle e o Luan dirige.

Ligo o rádio baixinho já que o Bernardo começa a conversar com o Luan. Fico apenas prestando atenção nele que fala tudo certinho quando quer, mas também sabe a hora de fazer manha e falar tudo errado, como se fosse um bebê.

-Bê-chamo o nome dele e me sento de lado encarando ele-você já viu o Luan cantar?
-já, na televisão só-ele diz certinho e eu sorrio querendo morder aquelas lindas bochechas
-quer ir no show dele?-pergunto e até o Luan me olha surpreso
-quero-Bernardo diz animado-hoje?
-hoje não, mas seu pai tem um show aqui perto depois de amanhã, a gente pode ir, eu, você, o Luan e a Madu
-e a minha mãe?-pergunta manhoso
-sua mãe vai estar ocupada-minto pra não magoa-lo
-como você sabe?-pergunta ele com uma carinha de curioso
-ela falou pro Luan, né Luan?-cutuco meu marido que ri
-foi filho, ela disse que não poderia ir, ela vai estar ocupada fazendo umas coisas lá
-mas se você não quiser ir sem ela, tudo bem-dou de ombros e ele parece pensar
-eu quero ir-ele comemora
-então iremos-dou de ombros

Ele continuou falante por todo o caminho, quando finalmente chegamos na casa dos meus sogros, o pequeno se calou. Fico surpresa, já que ele estava falando sem parar até antes do carro estacionar.

-pensei que era sem mentiras-Luan diz assim que descemos do carro
-se quiser eu posso falar pra ele que eu odeio a mãe dele, acho que assim ele vai gostar um pouco mais de mim-sou irônica
-eita que coice
-não sou égua pra dar coice-abro a porta de trás e solto o Bernardo

Ajudo o pequeno a descer e ele se aproxima do Luan. Solto a minha filha do bebê conforto e pego ela no colo.

-pega o bolsa dela aí pra mim-peço ao Luan que abre a porta e pega

Saío na frente com a minha filha e escuto alguém correndo, segundos depois sinto alguém do meu lado, olho e é o Bernardo.

Seguro minha filha com um braço e estico a mão livre pro Bernardo que gruda sem nem pensar.

Toco a campainha, já que não estou na minha casa e a porta logo abre, Bruna está ali, com um sorriso gigantesco.

-oi minha gordinha-ela pega a Maria que resmunga algumas coisas pra ela como se tivesse conversando com a Bruna

Sinto o Bernardo abraçar a minha perna e olho pra ele que estica os bracinhos pedindo pra eu pegar ele no colo e assim eu faço.

-e esse menino lindão-Bruna conversa com ele que deita a cabeça no meu ombro

Sinto o Luan me abraçar pela cintura e encarar o Bernardo.

-Bê, essa é a Bruna minha irmã, ela é sua tia-Luan apresenta a Bruna que sorri pra ele, mas ele continua deitado em mim
-Oi-Marizete aparece na porta e olha pro menino grudado em mim, com muita surpresa no rosto
-oi, podemos entrar, esse mocinho aqui é pesado viu, ele já é um homenzinho grande, né Bê-falo com ele que concorda
-entra-Bruna sai da frente e a Marizete também

Entro seguida pelo Luan e fomos todos pra sala, me sento e o Bernardo se abraça ainda mais em mim. Eu não estava entendendo esse apego, ele estava com medo de mim a algum tempo atrás.

Ele estar grudado no Luan é uma coisa, agora em mim que ele tem medo, é realmente algo surpreendente.

-sabe aquela moça loira, ela é sua tia e tá doida pra te conhecer-converso baixinho com ele-e a outra mulher, a morena, ela é sua vó e também quer muito de dar um abraço e te encher de doces gostosos-tento convencê-lo de falar com as pessoas-elas são legais-aliso sua costinha
-mamãe falou que elas são do mal e que não gostam de mim por causa de você-ele diz baixinho, mas o Luan que estava sentado ao meu lado escuta e toda a sua raiva fica explícita em sua cara
-Bernardo-Luan chama ele e ele apenas vira o rosto em direção ao pai-sua mãe estava enganada em relação a tudo o que ela falou pra você, ela nunca conheceu a Mel, ela nunca conheceu meus pais e nem a minha irmã, então ela não sabe se elas são do mal porque ela não conhece nenhuma delas-ele tenta ser o mais claro possível e o mais calmo também-sua mãe disse que a Mel é do mal, mas você acha que a Mel é mal?-ele pergunta pro menino que nega com a cabeça
-não, a Mel é boa-ele diz me arrancando um sorriso
-você gostou dela?-Luan pergunta
-gostei, mas não conta "pa" mamãe, ela biga-ele pede angustiado
-sua mãe não vai saber, só se você contar-Luan dá de ombros-assim como você gostou da Mel, tenho certeza que vai gostar da sua vó, do seu vô e da sua tia-Luan é cuidadoso
-tá bom-ele se senta direito no meu colo e olha primeiro pra Marizete que parece confusa com o que está acontecendo
-essa é a minha mãe, ela agora é sua vó, fala com ela-Luan aponta pra Mari que sorri pra ele
-vem cá-ela chama e ele me olha acho que querendo saber o que eu acho
-vai lá, ela é muito legal-incentivo e ele desce do meu colo e vai
-eu vou matar a Priscila-Luan diz baixinho enquanto o Bernardo conversa com a sua mãe

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