quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Capítulo 44

Saío de casa com a Maria e dirijo até a casa dos meus sogros. É difícil ficar longe do Luan, mas é preciso. Eu não preciso de homem pra ser feliz, eu faço a minha felicidade e preciso entender isso pra continuar de onde paramos.

Chego na casa dos meus sogros escutando a Maria resmungando sem parar. Pego o meu telefone e mando mensagem pra Ariane, minha psicóloga, eu preciso de ajuda, eu preciso me entender, eu preciso reorganizar os meus sentimentos e sei que ela pode me ajudar.

Respiro fundo antes de descer e dou mais uma olhada no meu celular. Ariane ainda não me respondeu e o Luan ainda não mandou nada, a única pessoa que me mandou mensagem foi o Alan que estava preocupado com o fim da minha conversa com o Luan.

Ver o Luan desconfiar de mim me fez explodir, eu nunca dei motivo pra isso, eu sempre fiz de tudo pra demonstrar que sou fiel a ele e se ele não conseguiu absorver, a culpa não é minha, eu não fiz nada errado, a culpa é dele.

Desisto de pensar sobre isso e desço, pego minha filha e sua bolsa. Me aproximo da porta e toco a campainha, dois segundos depois a porta abre e a Bruna rouba minha filha do meu colo.

-oi gostosura-ela beija a bochecha da pequena que ri resmungando alguma coisa
-oi-respondo fingindo que ela falou comigo e ela tem uma leve crise de risos
-convencida nada né?
-isso sempre, sou um mulherão da porra-dou de ombros-o que vai fazer amanhã até o final de semana que vem?
-provavelmente nada, estou de férias do teatro, por quê?
-vamos viajar, eu, você, a Madu e se o Guto puder, o Guto
-pra onde?
-pensei da gente ir pra chácara em Londrina, eu preciso de um tempo longe da civilização, preciso de um tempo pra mim, pra desabafar, pra ganhar carinho de quem confia plenamente em mim
-iiih, o que aconteceu?-ela pergunta ao perceber que algo está errado, mas antes que eu possa responder minha sogra aparece
-oi coisa linda de vovó-ela pega a Maria no colo e eu aproveito pra entrar totalmente na casa e fechar a porta-cadê o Luan? Ele avisou que estava vindo pra São Paulo-pergunta me encarando
-Luan acho que foi pra Minas, ele ia ver se consegue ficar com o Bernardo durante todo esse final de semana-conto, mas pelo jeito não convenço nada, tia Mari me conhece bem demais e sabe quando minto
-vocês brigaram?-pergunta curiosa no assunto
-talvez-dou de ombros-quando ele chegou, encontrou o Alan lá em casa, Luan começou a tirar conclusões precipitadas demais, e fez insinuações que eu odiei
-mas menina..-Mari começa e sei que vai defender o filho
-eu jamais dei motivo pra ele achar que eu o trairia, ainda mais na nossa casa, e o Alan estando com a nossa filha no colo, não é porque eu já tive algo com o Alan que vou ter de novo, a nossa história ficou no passado, o Alan é o meu passado e jamais voltará a ser presente, eu jurei fidelidade ao Luan e eu nunca quebrei isso, nem quando eu tive dúvidas se ele era fiel a mim quando namoramos a primeira vez, a primeira coisa que eu espero ter dele é confiança, que talvez ele não possa me dar
-você está certa, se um relacionamento não tem confiança, então não tem nada, ainda mais quando a desconfiança é entre você e um amigo seu, que tenho certeza que você não vai deixar se afastar
-não mesmo, Luan precisa confiar que eu não preciso de mais ninguém além dele
-ele vai abrir os olhos pra isso, você vai ver só-minha sogra me olha sorrindo esperançosa
-eu não quero que tudo o que vivemos até hoje tenha sido em vão, eu amo o Luan, amo estar e ficar com ele, amo tudo o que ele fez por mim e sou muito grata, mas um relacionamento não vive só de amor
-ele fez muito por você e agora você também está fazendo muito por ele-Bruna pontua-só eu e o Guto vemos tudo clamente e sabemos o quanto é pior pra você passar pelo que tá passando, do que ele passou
-eu faço por ele, eu tô passando tudo por ele, porque eu quero estar com ele, quero ele do meu lado pra sempre e eu quero ter certeza que está valendo todo o sacrifício
-está valendo, eu tenho certeza que sim-Marizete me abraça de lado
-tô com fome-mudo de assunto
-a comida tá quase pronta-Mari anda na frente com a Maria
-enquanto a comida não fica pronta, vamos subir pra me ajudar a arrumar as malas?-Bruna propõe
-vão viajar?-Mari pergunta curiosa
-vamos pra chácara, preciso de um pouco de paz, de natureza
-entendi, vão lá que eu cuido dessa pequena e quando a comida tiver pronta eu chamo vocês
-ok, obrigada

Subimos juntas e assim que ela tranca a porta eu solto um suspiro pesado.

-me conta tudo-pede seguindo pro closet dela e eu vou atrás pra ajudá-la e não ter que ficar gritando

Conto tudo o que aconteceu e ela escutou calada, às vezes soltava alguns resmungos de "uhum", mas nada a mais que isso.

Depois de encerrar a história já havíamos escolhido tudo o que ela levará e nos sentamos pra que pudéssemos ter uma conversa olho no olho.

-eu concordo com você, é frustrante viver de desconfiança, Luan vai surtar desse jeito toda vez que o Alan tiver perto?-ela diz realmente bolada-Que ridículo, a Madu tava ali e mesmo assim ele achou que vocês estavam fazendo algo errado?
-pois é, ele mal percebeu a Madu ali, ficou cego e só viu o que quis, isso me magoou muito Bruna-confesso-eu não me importo dele ter um ciúmes saudável, dele se incomodar dos meus abraços no Alan, é só ele dizer o que não gosta e pronto eu revejo as minhas atitudes, mas agora ficar cego como ele ficou e me atacar daquela maneira, insinuando coisas, desconfiando de mim, ah isso não, eu vejo ele indo pra Minas pra se encontrar com a Priscila e com o Bernardo e eu nunca desconfiei dele, nem mesmo com tudo o que ele já fez, quando ele está em casa ela liga o dia inteiro, manda mensagem o dia todo e eu nem pego no celular dele pra ver sobre o que eles falam, porque eu confio nele, eu nunca dei motivos pra ele me acusar de traição, nunca
-nunca mesmo-ela concorda
-lembra do dia da Bia, que ela chegou em casa e eu fiquei mordida de ciúmes? Eu estava passando por um momento difícil, mas foi ele abrir a boca e dizer que ele só tinha olhos pra mim que eu tive a certeza que tava tudo bem
-eu lembro, mas você ainda tinha a doença, confiava tanto nele que tentou até jogar ele pra outras-ela diz se recordando do passado
-fui uma idiota quando fiz isso-nego me recordando
-a doença fez-ela me corrige-e o Luan não tem desculpa pra isso, foi idiotice
-ele tem ciúmes de todo mundo-reviro os olhos
-tive uma ideia-ela fala animada
-o quê?
-você vai na sua psicóloga conversar com ela-ela diz e eu dou risada percebendo que somos tão parecidas que temos as mesmas ideias
-eu já vou, mandei mensagem pra ela quando cheguei aqui, acredita?
-acredito, sempre tivemos isso de pensamentos iguais, não iria mudar agora
-não mesmo-abraço ela de lado
-mas tem algo que acho que não pensou
-o quê?-pergunto curiosa
-vê com a sua psicóloga se ela faz ou tem um lugar pra indicar, pra vocês fazerem terapia de casal, ouvi dizer que é muito bom e ou vocês se acertam ou vão ver que realmente não é pra ser
-Bruna-falo surpresa-que ideia maravilhosa-sou sincera, realmente amei a ideia, sem dúvidas seria muito bom pra gente
-sério que achou uma boa ideia?-ela me encara procurando qualquer possibilidade de eu estar mentindo
-muito, se tudo der certo vou fazer uma consulta com a Ari assim que a gente voltar e vejo isso com ela, qualquer ajuda é bem-vinda, eu odeio ficar longe do Luan, mas ficar perto ultimamente está me fazendo mal e se está fazendo mal é porque tem algo errado
-eu concordo, mas oh, faz o que eu disse, vai dar tudo certo, vocês vão ficar bem
-obrigada espiã-abraço ela bem apertado
-de nada Pandinha, amigas são pra isso, pra dar conselhos e pra escutar-beija minha bochecha

Ela se levanta e pega a mala que estava escondida, abre a mesma e vai guardando tudo o que separamos.

Na sua necessarie ela coloca apenas cremes de corpo, desodorante, perfume, cremes de rosto, repelente e protetor. Nada de maquiagem, fico feliz por isso, sinal que ela vai mesmo pra nos curtir.

Saímos do closet e nos jogamos na cama, mando mensagem pro Guto convocando ele pra nossa mini férias e ele responde com um áudio idiota.

-"Só vou se for pra gente comer pizza de calabresa com muita cebola e depois a gente se beijar muito"

Eu e a Bruna rimos nos lembrando de quando fomos pra casa dele, ficamos a noite toda nos pegando e dormimos bêbados.

Aperto o botão de gravar e envio uma mensagem de voz pra ele.

-"A Madu vai junto viu querido, te controle se não conto pra sua namorada e aí você vai ficar sem amigas e sem namorada"

Ele rapidamente visualiza a mensagem. Esperamos alguns segundos até receber mensagens suas, só que dessa vez digitadas.

"😱😱😱😱😱😱😱"
"Sabe nem brincar!"
"Tbm não vou pra chácara"
"Não amo mais você"

Bruna toma o celular de mim e responde com um áudio de três minutos só falando merda, nada com nada.

Assim que ela envia a mensagem escutamos a Mari bater na porta e nos chamar pra descer. Me levanto primeiro que a Bruna e deixo meu celular com ela. Desço e encontro minha filha nos braços do Amarildo que parece o pai de tão babão.

-mamãe baba, papai baba, vovó baba e vovô baba-falo com a minha filha que dá uma gargalhada me fazendo ter vontade de morde-la
-titia baba também-Bruna diz enciumada me fazendo rir dela

Nos sentamos todos na mesa da sala de jantar e pego minha filha pra que ela possa jantar comigo.

As panelas estão todas na mesa, Mari sai da cozinha com um pratinho de criança e pede a pequena.

-vai dar papa pra ela?-pergunto e ela concorda-e você?
-depois eu como, só quero paparicar essa princesa da vovó-ela beija a bochecha da minha filha

Entrego a Eduarda sem nem reclamar, Mari senta na mesa e da a comida pra minha filha enquanto eu me sirvo.

O jantar foi bastante agradável, depois de comer ainda fico ali por mais uma hora com eles, quando minha filha finalmente dorme, chamo a Bruna pra ir pra casa.

Nos despedimos com muito custo, pois a Mari queria que a gente ficasse pra dormir, mas não era o momento, eu queria meu cantinho, pra poder pensar quietinha.

Chegamos em casa e eu subo direto pro quarto da Maria com ela. Deito ela no berço e ligo as babás.

Passo no meu quarto e encontro ele do jeito que eu deixei, entro no meu closet e ele também está como estava quando sai, a única diferença é que agora a mala do Luan não está aqui.

Pego um pijama ali e me troco. Saio do closet e olho meu celular que tem mensagem da Ari combinando uma consulta pra gente pra semana que vem. Ela também me pergunta o que aconteceu, gravo um áudio de dois minutos e envio pra ela, em seguida me despeço e peço desculpa por incomodá-la.

Largo meu celular carregando e desço as escadas, encontro a Bruna também de pijama sentada no sofá feito índio.

-oi-beijo sua bochecha e me sento ao seu lado
-faz chocolate quente pra gente-pede afinando ainda mais a voz
-boba, tô indo, escolhe um filme ou já quer ir dormir?
-vou escolher uma série, temos bastante coisa pra conversar
-ah é? Então escolhe, estou indo fazer-me levanto e sigo até a cozinha
-Pandinha-ela me chama e eu me viro pra ela
-oi?
-eu te amo-ela se declara fazendo meus olhos brilharem-só quero te ver feliz, sempre
-eu também amo você, muito e a sua felicidade é a minha-jogo beijo pra ela que sorri

Faço o chocolate quente pra gente e aproveito pra estourar pipoca. Volto pra sala com duas canecas, a garrafa térmica e o pote com pipoca, me sento ao lado dela que está concentrada no celular.

-aceita pipoca também?-pergunto e ela sorri concordando
-aceita tudo
-então agora larga esse celular e vamos nos concentrar na serie
-ok, já larguei-ela se estica toda e coloca o celular na mesinha centro

Puxo o apoio de pé do sofá e nos sirvo com o chocolate quente, deixo o pote de pipoca no nosso meio e ela dá play na serie.

A serie que ela escolheu era uma bosta, não me prendeu, nem ela. Ficamos de lado no sofá e começamos a colocar o papo em dia. Eu amo falar com a Bruna, sempre amei.

Passamos a noite toda e parte da madrugada conversando e contando coisas que deixamos de contar uma pra outra quando eu fiquei doente.

Só subimos pra dormir, pois escuto a babá anunciar o choro da Maria e encerramos a conversa.

Depois de dar mama pra ela, sigo pro meu quarto e me deito na cama. Agarro um dos travesseiros e fico em silêncio só pensando na minha decisão.

Não tenho certeza se fiz a coisa certa, mas eu fiz o que meu coração mandou, o que ele precisava. Não é fácil, quem vê de fora pode achar que é, mas não é.

Olho pro meu celular no criado e puxo ele pra mim, ao desbloquear vejo duas ligações perdidas do Luan e uma mensagem avisando que chegou bem e que ligou pra conversar rapidinho.

Dígito uma mensagem rapidamente e envio pra ele.

"Fiquei sem bateria, vi sua ligação agora, já estou em casa faz um tempo, Bruna veio dormir comigo, meu celular tava carregando no quarto e estávamos conversando lá em baixo!"

Penso em deixar o celular de lado e dormir, mas meu celular vibra e eu continuo com ele na mão. Luan acabará de me responder.

"Tá tudo bem?"

O respondo também.

"Sim, e ai?"

Espero ansiosa por sua resposta que demora um pouco, mas chega.

"Bem, bem, não tá, falta vocês, mas tá td bem sim! Já tô com saudade, nem um beijo de oi ou de tchau eu ganhei, mas eu vou fazer de tudo pra ganhar muito mais que um beijo!"

Começo a digitar uma nova mensagem, mas chega uma outra dele.

"Eu amo você demais, me desculpe por ser impulsivo e falar o que não devo, eu confio em você, sei que não faria nada que traísse os seus próprios sentimentos, errei, assumo e eu espero seriamente que eu tenha aprendido com o erro, porque ficar afastado de vocês em dia de show já dói, imagina quando eu não tenho nada pra fazer!"

Novamente começo digitar uma mensagem, mas ele me manda outra.

"Eu vim pra Minas, tentarei pegar o Bernardo amanhã depois que ele sair da escola, quando eu acordar eu te ligo pra ver a Maria e se puder, pra ver você! Pode me odiar por ser um babaca, mas não esquece que eu amo você incondicionalmente e nunca duvide disso!
PS: Não precisa me responder, só dorme quietinha e curta o seu momento de se conhecer novamente e se amar, você vai ver que não tem como não se apaixonar por você!"

Depois de ler, apago o que eu tentei escrever e releio suas mensagens, eu nunca duvidei do seu amor e não faria isso agora, mas não tenho tanta certeza da sua confiança, e a dúvida não é algo bom.

Deixo o celular de lado depois de colocá-lo pra despertar e fico ali em silêncio, tentando dormir. Demora um pouco, mas quando sinto meu sono chegando apenas me enfio nele sem nem tentar ficar acordada pensando bobagem.






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Capítulo Final

Ele me olha em choque, sem saber o que fazer ou o que falar. Ele acabou de acordar e recebe isso em seu colo, não tenho dúvidas do quanto e...