quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Capítulo 54

-posso entrar?-pergunta com aquela cara de deboche
-não-hajo friamente
-eu quero ver o meu filho e se me impedir eu chamo a polícia
-Priscila? O que faz aqui?-escuto a voz do Luan de aproximando de mim
-vim ver o meu filho, só que essa mulher não está deixando-ela diz me olhando de cima a baixo
-olha lá como fala, você está na minha casa e se eu não quiser deixar você entrar aqui eu não deixo-a encaro mostrando que não estou brincando-a guarda provisória é do Luan, pra você visita-lo precisa de uma liberação do juíz, quer ver quem é que manda aqui?-matenho minha voz controlada
-me desculpa-ela baixa a crista-eu só quero ver o Bernardo
-eu não devia deixar Priscila, ser mãe não é fazer o que você fez com ele, mas..-antes que eu possa terminar escuto a voz do Bernardo
-MAMÃE-ele grita e no segundo seguinte vejo ele passar por mim e agarrar as pernas da mulher
-meu príncipe, que saudade que a mamãe tava-ela diz emotiva e eu reviro os olhos
-como eu estava dizendo, eu não devia deixar você entrar Priscila, mas apesar de tudo o Bernardo ama você, portanto fica a vontade-abro caminho pra ela entrar
-vem mamãe, eu tava comendo sorvete-ele diz animado e puxa ela pra dentro
-preciso pegar minha mala no carro-ela para e olha pro táxi
-onde você vai ficar?-Luan gruda na minha cintura e parece nervoso já que suas mãos soam
-ainda não sei
-vou pedir pro Testa arrumar um hotel pra você, aqui você não fica-ele diz firme
-por quê?-Bernardo pergunta e eu respiro fundo me aproximando dele
-se sua mãe dormir aqui, eu vou ficar triste, você quer que eu fique triste?-pergunto e ele nega-então sua mãe vai ficar um pouco aqui com você e depois ela vai pra um hotel e amanhã você vai ver ela, tudo bem?
-tá-ele diz choroso
-não fica triste não-puxo ele pra um abraço, mas infelizmente eu não posso ceder

Por mim ela nem entraria, mas como veio de surpresa, não posso simplesmente expulsa-lá, porém aceitar que ela fique aqui, isso não, eu não tenho sangue de barata.

Priscila volta ao carro, o motorista desce e pega a mala dela, a mesma paga a corrida e se aproxima arrastando sua bagagem.

Continuo ali na porta parada feito uma idiota. Observo ela deixar a mala ao meu lado e entrar com o Bernardo que arrasta ela até o sofá.

-Mel-Luan se aproxima
-ela é linda, agora eu entendo-fecho a porta e fico de frente com ele
-ela é podre-ele diz tentando elevar minha autoestima
-eu sei, ela é linda, mas eu sou muito mais eu mesma-dou de ombros e ele ri concordando
-sim, eu também sou muito mais você, muito mais, muito mais mesmo-ele me abraça apertado-desculpa por isso
-você não tem culpa disso, ela chegou de surpresa
-vou falar isso com o meu advogado, ela não pode simplesmente chegar aqui assim do nada
-também não gostei disso, mas não posso simplesmente enchotar ela daqui, não quero que o Bernardo volte a me odiar
-vamos pra lá, não quero deixar ele sozinho com ela
-tá tudo bem, vai lá, vou subir pra dar uma olhada na Maria e já desço
-Mel-ele pega na minha mão
-tá tudo bem, eu juro, só me dá dois minutos pra não voar no pescoço dela-sou sincera e ele ri concordando
-volta logo, preciso de você
-tudo bem-lhe dou um selinho rápido

Sigo até as escadas e subo respirando fundo e contando mentalmente até 10.

Minha vontade é retribuir nela tudo o que ela fez com o Bernardo, mas não posso, infelizmente não posso.

Entro no quarto da Maria e observo ela dormindo tranquilamente. Me sento na cama e fico quieta por alguns minutos.

-coragem-falo pra mim mesma-coragem-me levanto

Dou uma última olhada na minha filha e volto a descer as escadas. Não encontro ninguém na sala, por isso sigo até a sala de jantar e quando passo pelo portal Bernardo derruba o copo do sorvete no chão e ele se quebra em mil pedaços, no segundo seguinte sinto ele agarrar minhas pernas.

-desculpa mamãe, foi sem querer-ele fala com a Priscila de longe e me aperta cada vez mais

A cara da Priscila quando ele derrubou o copo no chão já não foi muito agradável e quando ela viu ele me agarrar por medo dela, ficou pior ainda.

-tá tudo bem Bê, o copo não era da sua mãe, era meu, essa é a minha casa e nada vai acontecer-me abaixo ficando do tamanho dele-é só um copo, tem vários outros lá dentro e eu posso comprar outro se eu quiser, não vou brigar com você por causa de um copo-falo com cautela e acaricio seu rosto-só toma mais cuidado pra não se machucar, ok?
-ok Mel-ele sorri e me abraça rápido demais
-machucou?
-não
-tem certeza?
-tenho-ele concorda, mesmo assim procuro vestígios em seu corpo, mas não encontro nada
-vou pegar uma vassoura e uma pá pra limpar isso-Luan diz alto
-vai lá pra sala com a sua mãe que eu e o papai vamos limpar aqui-peço pra ele que olha pra mãe sentada na mesa
-vamô mamãe
-vamos, vai indo-ela diz se levantando e ele vai sem reclamar
-não pensa que vai ganhar o meu filho fazendo essa carinha de boa moça, eu não vou deixar-ela para na minha frente e eu me levanto pra ficar na mesma altura
-eu não sou você Priscila que tem essa cara de boa mãe, mas na verdade toca o terror com o menino. Eu não estou fazendo carinha de boa moça pra ganhar ele, eu sou boa moça, aliás, eu sou boa mãe e só quero proporcionar ao Bernardo o que ele não teve até hoje, amor
-não fala assim na minha frente-ela aponta o dedo indicador na minha cara

Perco o meu alto controle e agarro seu dedo com força, fazendo ela abaixar e gemer de dor.

-nunca mais aponta o dedo na minha cara, você disse que veio ver o Bernardo, então vai lá e tenta dar atenção a ele o mínimo que seja, se me dirigir a palavra novamente, eu te expulso daqui sem dó nem piedade-solto seu dedo com força fazendo ela se movimentar pra trás

Ela me olha raivosa e abre a boca pra me insultar.

-não pensa que isso vai ficar assim
-já falei pra não me dirigir a palavra-me aproximo dela que se afasta-me ameaça de novo Priscila, e tudo o que estou pensando em fazer agora não serão mais apenas pensamentos-ameaço também
-VEM MAMÃE-Bernardo chama por ela que me dá uma última encarada e sai

Respiro fundo tentando voltar a minha calma e quando me viro encontro o Luan parado me encarando preocupado.

-tá tudo bem-afirmo dando um sorriso falso-vai lá, deixa que eu limpo isso aqui-me aproximo dele e pego a vassoura da sua mão
-não vou te deixar sozinha
-não tô sozinha, só vou limpar isso e vou pra lá, não quero ela manipulando o Bernardo novamente, vai lá, ele sim está sozinho
-e você tá com quem?
-com você, no meu coração-me estico e beijo o canto da sua boca
-se eu for esse beijo vai sair do cantinho e vai vim pros meus lábios?-pergunta com um sorrisinho
-posso pensar com muito carinho no seu caso-ele inicia um beijo de esquimó e eu vou na onda-quase-debocho um pouco ao fazer os nossos se rasparem levemente
-eu te odeio sabia?-ele diz olhando a minha boca
-odeia nada, você me ama que eu sei, você disse ontem enquanto me levava ao céu
-me pegou-ele dá uma risadinha e eu faço o mesmo
-seus olhos também te denunciam, você me olha com admiração, com carinho, desejo e com luxúria
-droga, assim fica difícil, nem meus olhos conseguem mentir-raspo de leve nossos lábios novamente
-quase-debocho de novo e ele se afasta
-eu confesso, eu te amo-com a mão livre ele agarra minha nuca
-eu já sabia-sussurro encarando seu rosto
-mas e você? Ainda me ama?-pergunta sério e eu me livro de sua mão
-vai lá logo-pego a pá e ele sai cabisbaixo-Luan-chamo quando ele quase desaparece
-oi?-se vira
-muito mais que ontem-dou um sorriso e ele me olha sem entender
-o quê?
-eu te amo muito mais que ontem-pisco pra ele que sai com um sorriso lindo pra porra

Varro todos os cacos de vidro que eu consigo enxergar e jogo no lixo, pra não ficar dúvida se ficou algum caquinho por algum lugar, pego o aspirador e passo em volta de todo o lugar que caiu.

Jogo o saquinho do aspirador no lixo e tiro a mesa com o sorvete que já estava derretido.

Guardo o restante no congelador, jogo o que poderia ser jogado no lixo e lavo a pouca louça existente ali.

Depois de ver minha cozinha e a minha sala de jantar limpas, eu finalmente sigo até a sala e me sento ao lado do Luan que passa o braço por de trás de mim e me abraça.

Já o Bernardo mostra tudo o que compramos no shopping, pra mãe e fala sem parar.

-cadê a minha bolsa?-pergunto pro Bernardo e ele ri, assim como eu
-você não comprou, graças a Deus-ele diz sério e eu solto uma gargalhada
-o que foi?-Luan pergunta sem entender
-eu vi uma bolsa em formato de ave, eu fingi que queria comprar e o Bernardo me proibiu na mesma hora, disse que a bolsa era feia, aliás, ele não disse, ele praticamente gritou no meio da loja pra todo mundo escutar-conto e meu marido se contagia
-a bolsa era feia?-Luan pergunta pro filho
-era-Bernardo responde rápido
-o pior é que era, tem umas de ave que são lindas, mas aquela não, pelo menos não pra mim, eu não usaria
-minha mãe tem uma daquela-Bernardo diz rindo e eu solto uma gargalhada ainda mais alta
-Bernardo-ela o repreende
-é verdade, é aquela bolsa de passarinho sua que é feia-ele diz e eu sou obrigada a esconder meu rosto no pescoço do Luan que também ri
-você não presta-ele diz baixinho
-não posso fazer nada se amo a sinceridade do seu filho-beijo seu pescoço me recuperando da minha crise de risos

Bernardo conta sobre a psicóloga e a Priscila encara eu e o Luan querendo dizer algo.

-Bê porque não leva suas coisas lá pra cima?-converso com ele
-vou levar, não vai embora não tá mamãe-ele pede pra loira que apenas sorri pra ele confirmando com a cabeça

Ele pega suas sacolas e começa a subir as escadas. Me sento direito e fico encarando a Priscila esperando ela dizer o que quer que ela queira.

-por que ele foi em uma psicóloga? Vocês tão achando que meu filho é louco?-ela diz sem controle
-o filho é nosso e não, ele não é o louco aqui-Luan diz firme
-o Bernardo vai ficar morando aqui até chegar o dia do Juíz concluir a guarda definitiva e se Deus quiser ele vai morar aqui pra sempre, não sei se você sabe, mas ele é apenas uma criança e tudo o que você fazia com ele mexe com a cabecinha dele, eu não vou deixar que ele se torne um adulto problemático por sua causa. A psicóloga não é por achar que ele é louco, é pra reverter os efeitos que você pode ter causado nele-sou sincera
-você não sabe de nada-ela ataca
-na verdade eu sei algumas coisas sim, só que são bem poucas e não sei se são o suficiente pra te colocar na cadeia, mas se fosse com certeza eu faria
-quem irá sofrer com isso é o Bernardo, é isso que quer?-ela tem medo em sua expressão facial
-não, não é isso que eu quero, pelo contrário, eu quero que ele pare de sofrer na sua mão, covarde-me irrito com a voz dela-daqui meia hora eu quero você fora da minha casa, se quiser ver o Bernardo liga pro Luan e ele leva ele pra ver você, mas se aparecer aqui de novo sem permissão e sem avisar, eu juro que não vou deixar você entrar se não tiver uma ordem judicial-escuto passos na escada e encerro o assunto

Luan pega o celular e fico olhando ele conversando com o Rober pra arrumar um hotel pra Priscila.

Assim que o Rober manda uma mensagem positiva avisando que conseguiu um lugar, Luan se anima e eu também.

Bernardo está feliz, fala sem parar e quando percebo que deu meia hora desde que avisei a Priscila, eu corto uma conversa do Bernardo.

-Roberval conseguiu um quarto pra você num hotel, você tem que ir agora Priscila-aviso sendo cautelosa
-ah, Mel-Bê diz fazendo um biquinho
-acho que sua mãe vai ficar uns dias aqui em São Paulo, amanhã se você quiser o seu pai te leva pra ver ela de novo, tá?
-tá bom-concorda
-vou pedir um carro-Luan diz abrindo o aplicativo do Uber, pede um carro e já paga a corrida-cinco minutos
-vem cá-ela chama o Bernardo e ele senta no colo dela

Priscila começa a falar coisas no ouvido do Bernardo que não fomos capazes de ouvir. Bernardo nega com a cabeça enquanto ela fala e ela fecha a cara e continua a falar.

-não quero mamãe-ele diz alto e leva um tapa forte no braço

Ela com certeza fez isso na frente da pessoa "errada".




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