sábado, 19 de janeiro de 2019

Capítulo 71

-o que foi? A Isabel chegou, vai lá pegar o Bernardo
-me desculpa, eu não devia ter dito pra você não se meter, falei na hora do nervoso, me desculpa
-você me meteu nisso quando descobriu que o Bernardo era seu, agora mesmo que peça eu vou me meter, só fiquei quieta, porque eu não queria ser um motivo pra você ficar ainda mais irritado, tá tudo bem, vamos lá
-jura?
-juro, vem logo antes que ela entre-puxo ele-espera aqui-peço na porta da van

Bato na porta da van e o moço abre a porta pra mim, desço na frente e acompanho a Isabel que já havia entrado no portão.

-Isabel-chamo e ela se vira surpresa
-Mel, o que faz aqui?
-viemos buscar o Bernardo
-buscar?-ela dá um gaguejada
-ontem o Bernardo ligou antes de dormir pra falar com a gente e a Priscila deu um beliscão nele, o nosso advogado já correu atrás de tudo, vamos levá-lo hoje, ainda mais agora que soubemos que ela largou ele sozinho
-nem me fala, eu fui socorrer minha irmã que estava passando mal e foi eu chegar lá que o Porteiro ligou avisando que a Priscila saiu e deixou o Bernardo sozinho. Tive que pedir pra minha outra irmã levar ela pro hospital e vim correndo
-podemos entrar
-claro, cadê o Luan?
-tá vindo-me viro e dou sinal pro motorista, logo em seguida Luan desce e se aproxima
-oi Isabel-ele a cumprimenta
-oi Luan, me desculpa por isso-ela fica sem graça
-não viemos por isso, mas isso com certeza vai me fazer tirar ele totalmente dela
-não faz isso-Isabel pede apavorada
-por que eu não faria Isabel? Olha o que ela faz, tenho pavor só de pensar tudo o que ele viveu enquanto não sabia da minha existência e tudo o que ele iria viver se ela nunca tivesse ido atrás de mim
-se tirar ele dela, vai tá tirando de mim, eu não vou poder mais vê-lo-ela diz com angústia na voz e eu sei que ela realmente ama o Bernardo
-podemos entrar agora?-pergunto ao ver algumas pessoas nos encararem surpresas
-sim-ela abre todo o portão e entramos
-ei-o porteiro chama assim que nós vê
-eles estão comigo-Isabel o tranquiliza
-eu sei, só queria avisar que eu subi lá, ele está assistindo ben10, a Priscila deixou ele no quarto com pipoca e suco
-obrigada por ir vê-lo-Isabel agradece e volta a andar

Seguimos ela até o elevador e em seguida subimos em silêncio. Isabel parecia querer dizer algo, mas por falta de coragem, ela simplesmente não consegue e fica em silêncio.

Quando o elevador para, voltamos a segui-la.

-entra, fica a vontade-ela diz ao abrir a porta
-onde é o quarto dele?-Luan pergunta apressado
-segue o corredor, na primeira porta a esquerda-ela mostra com a mão e ele segue sem me esperar
-eu sei que vocês estão com razão em querer afastar ele dela, mas como eu vou viver sem meu único neto?-ela choraminga e segue até o sofá, faço o mesmo e sento ao seu lado
-você trabalha?-pergunto curiosa
-não, eu sou aposentada
-eu sei que seu amor pelo Bernardo é real, e eu sei que deixá-lo aqui com ela não foi uma opção de várias, foi por necessidade, mas a gente fica pensando "E se você precisar fazer isso de novo?" O Bernardo é só uma criança, apesar de esperto, ele poderia tentar ligar o fogo pra fazer algo, tentar pegar algo no armário e alguma coisa virar em cima dele, poderia ir na janela do apartamento e Deus me livre guarde acontecer algo pior. A gente confia na senhora, mas temos medo dessas coisas, o Bernardo agora é nossa responsabilidade, vamos fazer de tudo pra proteger a integridade dele
-eu sei, eu também teria medo
-então-sou sincera-a gente pode combinar e nos finais de semana que o Bernardo viria pra cá, você vai lá pra São Paulo ou então, pode até ir morar lá, já que a senhora não trabalha, desde que eu te conheci naquele tribunal, eu percebi que você não é alguém a quem eu deva me preocupar. Me dói ter que separar você dele, mas infelizmente não temos muitas opções
-você me deu boas soluções
-pensa com carinho, tenho certeza que o Bernardo iria adorar se você morasse lá e ele pudesse ter esse contato contigo-mal termino de falar e a porta volta a abrir
-mãe, o porteiro disse que o Luan tá aqui-ela entra animada e quando se vira, depois de fechar a porta, me olha com fúria
-o que essa mulher tá fazendo dentro da minha casa?-ela pergunta raivosa, mas não me importo
-Mel-Bernardo aparece correndo e abraça minhas pernas

Me abaixo, pego ele no colo e beijo todo seu rosto.

-eu tava morrendo de saudade de você-faz carinho em meu rosto
-por que essa mulher tá dentro da minha casa? Sai agora e larga meu filho-ela dá chilique
-ela veio fazer o que você não faz pelo Bernardo, cuidar e dá amor-Isabel aponta o dedo em direção a ela

Luan aparece na sala carregando uma mochila do Bernardo e a Priscila olha pra ele sem entender.

-pra que essa bolsa? Que eu saiba meu filho fica comigo até amanhã a tarde-ela acalma a voz
-eu quero casa do papai-Bernardo diz pra mãe
-CALA A BOCA-ela grita com ele que arregala os olhos e deita a cabeça em meu ombro
-não grita com o meu filho-Luan se posiciona sem alterar a voz
-seu?-ela ri debochada-Ele só é seu faz alguns meses, ele sempre foi meu e sempre vai ser. Maldita hora que eu te procurei
-graças a Deus você me procurou, me dói o coração imaginar o que ele passou e poderia passar com você
-eu sempre fui uma boa mãe-ela tenta convencer, mas não sei se ao Luan ou a ela mesmo
-uma boa mãe jamais deixaria o filho aqui sozinho sabendo que ele poderia se acidentar de várias maneiras-Isabel diz irritada
-eu sai, mas no meio do caminho eu me arrependi e aqui estou, eu voltei pra ficar e curtir o dia com ele
-agora é tarde, o Bernardo vai voltar comigo pra São Paulo-Luan comunica
-não vai não, eu já disse que ele vai ficar até amanhã a tarde
-não mais Priscila, o Bernardo vai comigo sim e a Juíza já sabe e concordou, isso porque eu ainda nem falei sobre o Bernardo ter ficado sozinho aqui, mas não se preocupa, amanhã mesmo ela vai saber e eu espero, do fundo do meu coração que você perca inclusive os finais de semana em quinze em quinze dias-ele se aproxima da gente e coloca a mão em minhas costas
-Bê-ela diz manhosa e se aproxima da gente-fica com a mamãe, fala pro papai que você quer ficar, fala por favor-ela tenta pegar ele do meu colo, mas não consegue, pois eu não deixo
-quero ir mamãe-ele continua grudado em mim
-filho, por favor, eu vou mudar-ela implora e por mais que me parece sincero eu não acredito
-a gente não pode simplesmente te afastar dele do nada e bruscamente-começo e o Luan me olha-se quiser pode ir de quinze em quinze dia pra São Paulo e ficar com ele por um dia na presença de alguém da nossa confiança-tento ajudar e apesar de parecer não gostar, Luan apenas a encara como se essa fosse a única opção pra ela
-você não é mãe dele-ela me encara com raiva-quem você pensa que é pra decidir alguma coisa? Ninguém deve se meter nisso, só eu e o Luan temos autoridade
-eu não vou discutir com você Priscila, se não quer isso, então boa sorte pra conseguir dias com ele-me irrito e tento sair dali, isso não é bom pro Bernardo, mas ela gruda no meu braço-me solta-encaro ela
-você não vai simplesmente entrar na minha casa e levar tudo o que é meu, não vai mesmo-aperta meu braço
-respeita pelo menos seu filho Priscila-tento me soltar e não consigo-me solta
-primeiro deixa meu filho
-solta mamãe-Bernardo pede começando a chorar, mas ela não obedece
-não me faz tirar mais um quilo de mega do seu cabelo Priscila-ameaço e ela afrouxa a mão

Puxo meu braço com força e consigo me desvencilhar dela. Quando ela percebe que me soltei, ela vem pra cima novamente, mas lhe dou um empurrão com força que a faz bater as costas na parede.

Seu olhar de fúria fica ainda mais visível e ela novamente vem pra cima de mim, mas antes de chegar, vejo a Isabel passar por mim e empurrar a Priscila, ela gruda no cabelo da filha e a Priscila curva a cabeça pra trás, provavelmente pra diminuir a dor. Escondo o rosto do Bernardo na curva do meu pescoço e ele fica quietinho.

-você devia ter apanhado antes-Isabel diz raivosa-mas não se preocupa, nunca é tarde demais pra tomar uma boa surra-ela anda pela sala puxando os cabelos loiros e eu e o Luan a olhamos assustados-me desculpem, isso tudo é reflexo de uma criação cheia de mimos, eu sou a culpada
-não é não Isabel-tento acalma-la
-sou sim, levem o Bê, ele não merece a mãe que tem e nem ver isso-ela sinaliza com a mão livre, abro a porta e puxo o Luan pra fora, logo em seguida escuto um grito e tampo os ouvidos do Bernardo
-o que foi?-Bernardo pergunta meio assustado
-não foi nada, tá tudo bem, vamos pra casa? A Maria e o Miguel devem estar morrendo de vontade de brincar com você-tento anima-lo
-eba-ele comemora me fazendo respirar fundo ao perceber que ele está animado e não triste com a cena da mãe dele






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