sábado, 19 de janeiro de 2019

Capítulo 86

-dessa-Otávio se intromete na conversa falando algo nada a ver
-como?-encaro seu rosto que tem um sorriso escancarado
-você disse "agora desse neném" não é desse, é dessa-ele explica e eu fico pensativa
-então isso quer dizer que..-deixo ele falar
-estamos esperando outra menina-ele confirma o que eu já esperava
-oh meu Deus-encaro o Luan mais emocionada do que eu estava-nossa filha-choramingo ele sorri também emocionado
-nossa Cecília-funga baixo
-isso, nossa Cecília-puxo ele pra mim e roubo um beijo rápido
-parabéns pela nova princesa, que venha cheia de saúde e cuida pra dessa vez ela não vim adiantada igual a Maria
-estamos cuidando, juro-volto a encarar o Otávio
-pronto, encerramos por hoje-ele tira o aparelho da minha barriga e me dá um papel toalha

Luan é mais rápido que eu e pega o papel da mão dele, ele limpa a minha barriga e me ajuda a descer.

-obrigada-dou um selinho em seus lábios e me viro pro Doutor-obrigada por nos aturar nessas semanas de loucura tentando descobrir o sexo do bebê-me aproximo dele e lhe abraço de surpresa, ele mesmo receoso retribui rapidamente e em seguida se afasta
-eu que agradeço pela confiança-ele diz um tanto sem graça-esperem um pouco na sala de espera que já levo a ultra pra vocês-ele volta a sorrir
-vem Mel-Luan me puxa pra fora da sala

Seguimos até a recepção vazia e o Luan se senta, quando penso em sentar ao lado dele, ele me agarra e me faz sentar em seu colo.

-finalmente acabou a tortura-ele diz sorridente e acaricia minha pequena barriga
-finalmente, não aguentava mais-faço bico e ele me rouba alguns selinhos-só faz muié em-zoa com ele
-lógico que não, tenho o Bernardo, você que só faz mulher-ele diz sem pensar e eu sem resistir faço uma careta-desculpa-pede fazendo um carinho em minha bochecha com o seu polegar
-oh, eu que só faço mulher, você tá com a razão-ignoro o assunto traição, mas me lembro de algo e resolvo conversar-Bernardo tá me chamando de mãe constantemente e eu sei que ele sente falta da Priscila-encaro ele
-já disse pra você não se preocupar com isso dele te chamando de mãe, nós já conversamos com ele, explicamos que você não é a mãe dele, mas se ele quer te chamar assim é um direito dele, são os sentimentos dele-ele me tranquiliza-agora em relação a saudade da Priscila, eu concordo, sei que ele tá sentindo falta, de vez em quando ele pergunta dela pra mim e eu invento uma desculpa
-pra mim também-mal espero ele terminar de falar-ele pergunta dela e eu nunca sei o que dizer, mas invento desculpas, falo que ela tá trabalhando, que tá sem celular, que ela ligou quando ele tava na escola, sempre invento algo, mas sei que ele sabe que são histórias criadas
-eu sabia que ela acabaria esquecendo dele e se importaria somente com o dinheiro da pensão que eu pago
-é errado dizer que eu gosto dela longe?-pergunto sem jeito e ele ri um tanto alto

Doutor Otávio aparece e nos entrega a ultrassonografia. Nos despedimos rapidamente e seguimos pro carro, entro rápido e o Luan também, ainda nem contamos pra ninguém sobre a gravidez.

-responde o que perguntei-falo manhosa antes dele ligar o carro e ele se vira pra me olhar
-é o que você sente bebê, não é errado, eu também gosto dela longe, porém isso machuca o Bê e consequentemente me machuca
-me machuca também-confesso-eu amo ele e odeio ver ele triste
-eu sei que sim, mas logo ele supera a ausência dela
-pensei em procura-la-conto uma ideia que chegou a passar em minha cabeça
-nem pensar, se tem uma coisa que você não vai fazer é se estressar, então nada de procurá-la e se quer mesmo notícias, vai pelo meio mais fácil-ele aconselha
-qual?
-pergunte a Isabel mãe da Priscila-dá de ombros
-você me deu uma ótima ideia, obrigada-me estico e beijo seus lábios rapidamente
-bora?-liga o carro
-bora-passo o cinto pelo meu corpo

Abro o envelope da ultrassom e vou lendo parágrafo por parágrafo, mesmo sem entender, Luan escuta e as vezes faz perguntas, mas nada que fizesse o meu humor mudar.

Chegando em casa, Luan estaciona na garagem, desço do carro com as minhas coisas em mãos e fico esperando o Luan, que depois de trancar o carro para ao meu lado e entrelaça nossos dedos.

Seguimos direto pra área de lazer, minhas crianças se divertem na piscina com o Guto e o Jeff. Meu pai, Amarildo e os outro homens conversam animados perto da churrasqueira, as mulheres do outro lado todas sentadas bebendo, comendo e conversando.

O primeiro a notar nossa presença é o Miguel, ele se estica pra sair da piscina e logo para na minha frente.

-Lorenzo?-pergunta alisando minha barriga e eu nego
-não, é Cecília-sussurro pra ele que murcha todinho-não gostou?-faço bico
-queria Lorenzo, mas Cecília é legal-ele dá um sorriso lindo-mas esse nome..-ele começa todo homenzinho e eu reviro os olhos
-o nome é lindo e eu não vou mudar viu senhor Miguel-beijo sua bochecha e saio de perto dele

Cumprimento todo mundo que tá fora da piscina e quando chego na roda das mulheres vejo a Hellen ali tentando se enturmar.

-vocês voltaram?-pergunto de longe e ela me olha sorrindo

Hellen era o amor do Rober e do dia pra noite eles terminaram e ela sumiu, nem acredito que ela está aqui.

Assim que me aproximo o suficiente dela, ela se levanta e me puxa pra um abraço gostoso.

-que saudade-ela diz baixinho-me desculpa por não estar aqui por você quando você precisou, eu estava longe, mas estava em oração pela sua vida
-isso era tudo o que eu precisava, obrigada-aperto ela ainda mais e me afasto
-você fugiu da minha pergunta
-desculpa, é que ensaiei tantas coisas pra te falar e eu fiquei tentando lembrar-ela diz com aquele jeitinho dela-nós voltamos, conversamos, voltamos e dessa vez vamos casar de verdade-ela me mostra o anel de compromisso no dedo, aquele anel era meu, foi do meu primeiro noivado com o Luan, quando não existia amor da parte dele
-acho bom casarem mesmo, vocês são um dos meus melhores shippers, não podem simplesmente ficar separados, odeio isso
-tá tudo bem agora, foi só uma confusão de pensamentos e sentimentos-ela sorri
-se quiser conversar-volto a abraça-la
-depois conversamos, agora o momento é todo seu-ela se estica e faz um carinho em minha barriga
-é menina-sussurro em seu ouvido
-AAAAAH-ela dá um grito e todo mundo nos olha-desculpa-fica sem jeito e eu dou risada
-vou contar logo, pra que possa se expressar, prometo-sussurro pra ela e me afasto
-eu agradeço-volta a sentar

Todas as mulheres tentam tirar de mim o sexo do bebê e eu apenas finjo que não é comigo e sigo pra dentro.

Subo as escadas carregando o envelope da ultra em mãos e assim que entro no quarto, deixo o ar que eu estava prendendo sair.

Coloco o envelope na cama e me aproximo do espelho. Colo o tecido do vestido no meu corpo e acaricio minha barriga levemente, sinto uma emoção tão grande que chega a escorrer pelos meus olhos.

-ei-escuto a voz do meu pai na porta do quarto e o encaro pelo espelho
-é coisa de grávida, não se preocupa-falo sobre as lágrimas e ele sorri se aproximando
-eu sei que é coisa de grávida, mas também não é só isso-ele para atrás de mim, faz carinho em meus ombros e me encara pelo espelho
-você sabe, eu tenho..-antes que eu possa terminar a minha frase sinto minha filha mexer e faço cara de assustada
-o que foi Melissa?-meu pai se desespera
-ela..-aliso minha barriga tentando terminar a frase
-ela o que?-ele se desespera mais ainda-você já perdeu um bebê uma vez, não me diga que está acontecendo novamente-ele me olha nos olhos

Fico de lado e pego na mão dele, direciono a mesma até a minha barriga e pressiono levemente para que ele possa sentir.

-meu Deus, tá mexendo-ele diz assustado-ta mexendo-comemora todo feliz e me deixando feliz também
-tá sentindo ainda?-pergunto e ele afasta a mão de mim
-parou-sorri todo bobão
-você é o avô mais babão que essa criança tem
-sou o mais mesmo-diz enciumado, por causa do Amarildo
-bobo-abraço ele que retribui fortemente
-pera ai-meu pai parece pensar em algo e se afasta me encarando
-que foi?-pergunto preocupada
-você disse ela-dá risada me olhando-é menina-ele bate palmas e eu dou risada do seu jeitinho
-é sim pai, minha pequena Cecília, aliás, nossa pequena Cecília-faço carinho em minha barriga
-ela mexer foi uma demonstração-ele fica sério e eu também
-demonstração de que?
-você ia dizer que ainda tem medo e ela mexeu, foi pra te mostrar que não é necessário medo, que você tem tudo que precisa pra ficar bem, foi uma demonstração que ela será a sua força, que trará luz e não escuridão
-obrigada pai-volto a abraça-lo
-eu que agradeço pelo presente-beija o topo da minha cabeça-e eu preciso conversar com o Luan, só faz menina é?-ele dá risada e eu também
-como ele mesmo disse, ele faz homem sim, pois ele tem o Bernardo, quem só faz mulher sou eu-dou de ombros e ele se afasta
-ele tem razão-faz careta
-tem mesmo, fazer o que, mas eu já tenho dois meninos que é o Bernardo e o Miguel, agora terei duas meninas, Madu e a Ceci-pisco pra ele
-Miguel não quis dar palpite no nome não?-pergunta rindo e eu faço o mesmo
-claro que quis, mas cortei ele e deixei ele falando sozinho-conto-eu sou a adulta aqui, ele é uma criança
-ele é muito esperto, puxou pra mim
-vou contar pra minha mãe, que você chamou ela de burra-a cara dele é a melhor e me arranca gargalhadas
-oi, tudo ótimo por aqui né?-Luan entra no quarto
-ela mexeu-conto de uma vez e ele me olha surpreso
-por que não me chamou?-se aproxima e acaricia minha barriga






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